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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, março 28, 2013


Serra pode perder até os R$ 1 mil ganhos em indenização contra Privataria Tucana

Privataria
Privataria Tucana revela esquema bilionário de corrupção
Candidato derrotado nas eleições presidenciais de 2010 e municipais de 2012, quando concorreu e perdeu a prefeitura de São Paulo, José Serra também corre o risco de não receber os R$ 1 mil garantidos pela sentença judicial que o abonou por danos morais em um suposto “oportunismo eleitoral” do best-seller APrivataria Tucana, escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior. O autor e a editora Geração Editorial foram condenados pelo juiz André Pasquale Scavone, da 10ª Vara Cível, em sentença publicada em 1º de março, sem que pudesse ser executada..
A decisão do magistrado afirma que “não é este o juízo que vai dizer se os fatos narrados são ou não verdadeiros”, mas seria “inequívoca a intenção dos réus de atingir a imagem de Serra”. Scavone também considerou “curioso” o caráter indenizatório da ação proposta por José Serra: “Se o interesse era preservar a imagem, o pedido deveria ser de impedir a venda do material ofensivo”, em vez de exigir uma reparação por parte do autor e da editora.
Em sua sentença, o juiz afirma que o valor é “simbólico (para fins de paraísos fiscais)”, em uma clara referência às denúncias contidas na obra, lançada em 2010. A decisão, porém, desagradou aos advogados do político tucano, que prometem recorrer para segunda instância.
– O livro foi considerado ofensivo, mas entramos com recurso para ampliar a condenação – adiantou Ricardo Penteado, advogado de Serra.
No mesmo diapasão, o editor Luiz Fernando Emediato avisou que também irá recorrer da sentença:
– Vamos recorrer porque, apesar de a sentença injusta, apesar ser muito irônica é, na verdade, desfavorável ao Serra, que foi ridicularizado pelo juiz. Para nós, a indenização tem que ser ZERO e lutaremos por isso. Ao lançar o livro, o fizemos pelo bem do Brasil. Nada a ver com eleições – afirmou Emediato, em entrevista ao Correio do Brasil.
Denúncias
Os fatos descritos no livro de Amaury Jr. ainda serão alvo de análise por parte de parlamentares que, de posse da sentença judicial, encontram uma nova razão para ingressar com o pedido de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Câmara, para apurar as denúncias descritas em Privataria Tucana.
O livro revela uma rede de corrupção criada durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) que, comandada por José Serra, desviava verbas do processo de privatizações de empresas estatais. Para além da consequência nefasta para a economia brasileira, que sofreu um processo de desmonte, a obra revela que o governo brasileiro pagou para que as empresas fossem desestatizadas. “A temporada de bondades com o dinheiro público ultrapassou os preços baixos, as prestações em 12 anos e as moedas podres. Nos anos que antecederam a venda das estatais, suas tarifas sofreram uma sequência de reajustes”, afirma o livro. No caso da energia elétrica, esse aumento foi de 500%.
A Privataria cita um levantamento feito pelo jornalista econômico Aloysio Biondi. Segundo os dados que foram publicados em O Brasil Privatizado, o governo FHC afirmou ter arrecadado R$ 85,2 bilhões com as privatizações, quando na verdade pagou 87,6 bilhões de dólares para “se livrar” das empresas. Ou seja, um gasto de R$ 2,4 bilhões para perder empresas importantes como a Vale, a Embraer e a Usiminas. Não bastasse isso, o processo ficou marcado pelo maior esquema de lavagem de dinheiro da história do país. As operações eram baseadas na criação de empresas de fachada em paraísos fiscais, no envio de remessas de dinheiro ao exterior e na lavagem de dinheiro. As operações movimentaram milhões de dólares entre 1993 e 2003.
O livro aponta que em uma dessas operações de resgate de dinheiro, José Serra teria comprado a casa em que vive até hoje, em um bairro luxuoso da cidade de São Paulo.Assim, empresas ligadas aos tucanos desviavam verbas para esses paraísos fiscais e depois resgatavam o dinheiro para usar no Brasil.
Amaury relata que para chegar às fraudes financeiras cometidas pelos tucanos rastreou documentos em cartórios de títulos e juntas comerciais.
Serra no comando
Privataria
O delegado e deputado federal Protógenes, botou o livro debaixo do braço e saiu coletando assinaturas para a CPI da Privataria atingiu mais de 171 assinaturas
Segundo o livro, o principal articulador da rede foi o ex-ministro José Serra (PSDB), que chefiou o Plano Nacional de Desestatização. “Ainda são protagonistas dessas operações bilionárias a filha e o genro de Serra, Verônica e Alexandre Bourgeois, além de Gregório Marin Preciado, casado com uma prima do tucano. A filha de Serra era sócia de Verônica Dantas, filha do banqueiro Daniel Dantas, indiciado pela Operação Satiagraha da Polícia Federal em 2008″, afirma recente matéria publicada no hebdomadário Brasil de Fato.
Ambas possuíam três empresas chamadas Decidir, que foram utilizadas para trazer 5 milhões de dólares do Citibank ao Brasil pelo trajeto Miami-Caribe-São Paulo. Isso seria uma forma de propina por favorecimento nas privatizações, já que o Citibank comprou parte da Telebrás associado a Daniel Dantas. O livro também relata que o marido de Verônica Serra usou uma empresa do Caribe para injetar R$ 7 milhões em outra empresa no Brasil. As duas se chamam IConexa. Há um indício de que as transferências foram feitas por meio da compra de ações da empresa brasileira pela sua homônima caribenha: a ata de uma assembleia de acionistas da IConexa de São Paulo, assinada duas vezes pelo marido de Verônica, sendo uma como pessoa física e outra como representante da IConexa do Caribe.
Isso leva a crer que o marido de Verônica e a IConexa do Caribe eram os únicos acionistas da IConexa de São Paulo. O capital da empresa na data da assembleia era de 5,4 milhões de reais. Não há como saber qual era a porcentagem de cada sócio. Em sendo a IConexa do Caribe amplamente majoritária, é possível que tenha comprado a maior parte do capital da IConexa de São Paulo como meio de remeter o dinheiro para o Brasil. Mais tarde, o capital da IConexa de São Paulo foi aumentado para R$ 7 milhões, totalizando a soma que, segundo o livro, foi trazida do Caribe pelo marido de Verônica.
Os Jereissati
Outro importante operador do esquema de desvios é Ricardo Sérgio de Oliveira (“o chefe da lavanderia do tucanato”, segundo Amaury), ex-diretor do Banco do Brasil nos anos FHC. Oliveira recebeu 410 mil dólares da empresa Infinity Trading, controlada pelo Grupo Jereissati (pertencente à família do ex-senador tucano Tasso Jereissati). Os 410 mil seriam propina em troca de favorecimento na compra da Telemar, empresa de telefonia privatizada em 1998.
Enquanto era diretor do Banco do Brasil com influência na gestão dos fundos de pensão de estatais, as empresas de Ricardo Sérgio apresentaram aumento de faturamento, principalmente em função de negócios com os próprios fundos de pensão. Para a Previ, caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil, as empresas dele venderam um prédio por R$ 62 milhões. Da Petros, fundo dos funcionários da Petrobras, compraram dois prédios por R$ 11 milhões. O dinheiro da compra do prédio da Petros veio de uma empresa de fachada caribenha.
Espionagem
O livro afirma ainda que José Serra, desde o seu período à frente do Ministério da Saúde, utilizou os serviços de arapongas, pagos com dinheiro público, para criar dossiês contra adversários políticos. O grupo de Serra faria grande uso da tática da contra-inteligência, isto é, manobras diversionistas, antecipação e esvaziamento de possíveis denúncias e vitimização perante a opinião pública.
O livro também destaca como adversários políticos do mesmo partido praticaram guerras de espionagem e contra-espionagem entre si nos bastidores, tanto no PSDB (no caso, entre José Serra e Aécio Neves) como no PT (entre Fernando Pimentel e Rui Falcão).
José Serra teria comandado uma central para tentar dizimar a pré-candidatura de seu correligionário, Aécio Neves, à presidência da República em 2010. Naquele ano, Serra foi candidato e perdeu o pleito para Dilma Rousseff.
correiodoBrasil

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