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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, abril 22, 2013

A mídia e o mafioso eleito no Paraguai




Cartes foi eleito com a maioria dos votos, segundo a Justiça Eleitoral paraguaia
Altamiro Borges, Blog do Miro
“O bilionário Horácio Cartes é o novo presidente do Paraguai. A vitória do candidato do Partido Colorado foi anunciada no final da noite deste domingo (21) pelo ministro do Tribunal Superior de Justiça Eleitoral, Alberto Zambonini, quando mais de 80% dos votos já estavam apurados. O empresário liderava com 46% dos votos, seguindo pelo postulante do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), Efrain Alegre, com 37% das preferências. A eleição de Horácio Cartes cria constrangimentos para a mídia colonizada do Brasil, que apoiou o golpe contra o ex-presidente Fernando Lugo e agora precisará conviver com um notório mafioso.


Horácio Cartes é dono de um conglomerado de 26 empresas – a maioria delas no ramo de cigarros –, e presidente do clube de futebol Libertad (atual campeão paraguaio). Um dos homens mais ricos do país, ele é acusado de ligações com o narcotráfico, contrabando e lavagem de dinheiro. Com a surpreendente vitória de Fernando Lugo em 2008, que colocou fim a 60 anos de hegemonia dos colorados, o empresário ganhou influência no partido em crise graças a sua fortuna. Ele passou a ser o principal financiador da legenda.

No final dos anos 1980, Horácio Cartes chegou a ser preso por crimes financeiros. Ele foi acusado de ter obtido dólares por um preço preferencial do Banco Central paraguaio para vendê-los na cotação paralela. O mafioso também foi alvo de um processo aberto pela Justiça brasileira por remessa ilegal de divisas, envolvendo o Banco Amambay, de sua família. Em 2004, a CPI da Pirataria mencionou o mafioso como contrabandista de cigarros para o Brasil através da empresa Tabesa.

Telegrama vazado pelo WikiLeaks, em 2010, revelou que Horácio Cartes integra um rede internacional de narcotráfico e lavagem de dinheiro. O mafioso vive cercado por seguranças e alimenta um misto de medo e fidelidade entre os seus subordinados. Segundo o ex-presidente Fernando Lugo, ele foi um dos principais mentores do golpe do ano passado. Na sua campanha para presidente, Horácio Cartes contou com o apoio dos latifundiários, de ricos empresários e de parte expressiva da mídia venal do Paraguai.”
*Saraiva

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