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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, abril 22, 2013

MPF vê risco de monopólio em hospitais do Distrito Federal

Cade é favorável a restrições à aquisição de novos hospitais pela Rede D'Or

Jornal do BrasilLuiz Orlando Carneiro
O Ministério Público Federal enviou parecer ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) favorável à imposição de restrições à aquisição de hospitais do Distrito Federal pela Rede D'Or, em face de risco iminente de formação de um monopólio da saúde em Brasília. No parecer, datado do último dia 18, o MPF sugere condições para o equilíbrio do mercado local.
Em junho de 2012, a Rede D'Or comprou participações no Hospital Santa Lúcia e na empresa Medgrupo, que controla os hospitais Santa Helena, Prontonorte, Maria Auxiliadora, Renascer e o Santa Lúcia. Como já detinha o Hospital Santa Luzia e o Hospital do Coração, o grupo passou a controlar mais de 50% dos leitos de Brasília.
Mas o risco de concentração no mercado hospitalar do DF pode ser ainda maior. Segundo representação do Conselho Regional de Medicina, o investidor por trás da Rede D'Or seria o Banco BTG Pactual, sócio do grupo Amil que, por sua vez, controla o Hospital Brasília, o Hospital das Clínica e o Hospital JK. Com esse cenário, o Banco BTG Pactual passaria a ter influência sobre 90% dos leitos hospitalares de Brasília.
O procurador da República Frederico Paiva, representante do MPF no Cade, afirma que não há nos autos informações suficientes quanto às relações entre Rede D'Or, Amil e BTG Pactual, mas ressalta que as estruturas de oferta do mercado podem ser diferentes das observadas inicialmente pelo Cade.
“As influências recíprocas entre Amil e BTG Pactual, ou, pelo menos, o fluxo de informações que pode existir entre eles, são alvo de preocupação do MPF. Tais vínculos, caso concretamente existam e não sejam analisados, teriam seus efeitos agravados em caso de uma decisão equivocada do Conselho”, alerta o procurador.
Restrições
Subsidiariamente, mantida a análise de mercado inicialmente feita pela Superintendência Geral do Cade, o MPF propõe que a Rede D'Or seja obrigada a vender o Hospital Santa Luzia ou o Hospital Santa Lúcia, evitando que os dois maiores hospitais privados de Brasília sejam controlados pelo mesmo grupo econômico.
O órgão pede, ainda, que seja firmado um Termo de Compromisso de Desempenho com o objetivo de manter ou expandir a suficiência em quantidade e qualidade da estrutura de oferta no segmento de maternidade/serviços de UTI neonatal.
*JB

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