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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 23, 2013

Por Verinha Dias

Você acredita que todas as mulheres lutam pelo mesmo objetivo dentro do feminismo?

Se a resposta for sim, você precisa entender o significado de classes sociais, que surge dentro do capitalismo e desfragmenta nossa luta de dentro para fora, nos impedindo de avançar em nossa completa emancipação.

Existem três classes sociais, quem é você nestas classes?

Burguesia: A classe dominante do modo de produção capitalista (que são os donos de empresas, os patrões, os ricos...);


Pequena Burguesia : camadas médias da sociedade atual, regido por valores e aspirações da burguesia. São pequenos empresários, que exploram a classe trabalhadora da mesma forma pretendendo ascensão à classe social adiante da dele. 



Proletariado: O proletário consiste daquele que não tem nenhum meio de vida exceto sua força de trabalho (suas aptidões), que ele vende para sobreviver, ou seja, o trabalhador que vende sua força de serviço para as classes citadas acima.



Você acredita que os interesses destas pessoas são os mesmos? Pense: Os dois primeiros precisam ter lucro para ascender e se manterem estáveis, o último é a classe que mantém a ascensão e estabilidade dos dois primeiros. Todo este grupo dentro do mesma luta em algum momento haverá um cabo de guerra, pois os interesses de um grupo significa o prejuízo do outro. Concorda?



Conhece os grupos feministas que foram pioneiros na luta? O que ficou mais conhecido foi o NOW ("agora"), a National Organization for Women (Organização Nacional de Mulheres), criada em 1966 por Betty Friedan. O NOW não tinha um programa claro e encarnava o radicalismo da pequena-burguesia - as mulheres da classe operária tiveram pouca ou nenhuma participação -, uma vez que sua única bandeira era "exigir a igualdade total para as mulheres nos EUA agora". O NOW era um movimento de mulheres que apoiavam o partido Democrata, o partido do presidente dos EUA na época, Jimmy Carter e que frearam as lutas das mulheres sempre que elas ameaçavam ultrapassar as fronteiras do capitalismo.



Algumas lutas podem até ser iguais, como por exemplo, a luta pela liberalização sexual, divórcio, mas o que emancipa verdadeiramente a mulher? 



Emancipação é sinônimo de pleno emprego, salários dignos, saúde, educação, domínio de seu próprio corpo, enfim, coisas concretas, boas condições materiais de vida, (tudo que o capitalismo nega as mulheres, em relatório da ONU sobre a fome mundial há a constatação de que 70% dos pobres do mundo são mulheres).

O problema não é apenas desigualdade de gênero, (algo real e muito importante, como o quê todas temos sim de lutar!), mas a desigualdade de classe esta inclusa ai também, ela gera discriminações, como acesso ao trabalho, ao salário, a melhores condições de vida. 



Até que não acabemos com o capitalismo e o imperialismo, essas questões são as que determinam a vida de todas as mulheres. Como criar seus filhos, como alimentar a família, como arrumar um emprego decente e ter uma vida digna? Para a mulher burguesa, isso não é problema, já está resolvido de antemão. Desde que nasce, uma mulher burguesa tem tudo o precisa para viver, a mulher trabalhadora, ao contrário. Tem de passar a vida inteira lutando para pôr comida na mesa. E isso não é ideologia, é a vida concreta, real, de milhões e milhões de mulheres no mundo inteiro.



A Luta contra o capitalismo e exploração dele sobre as mulheres pobres e trabalhadores só interessa a ultima classe social, o proletariado, os demais são exploradores desta classe, sejam homens ou mulheres que pertençam a ela.



O gênero une a todas as mulheres, burguesas e proletárias, porque todas nós sentimos uma ou outra forma de opressão. Mas a classe nos divide. E isso é categórico e um intransponível divisor de águas no movimento feminista. As mulheres trabalhadoras devem organizar-se de forma separada das mulheres burguesas, porque apesar de ambas serem oprimidas, essa luta fatalmente vai colocá-las em lados opostos, porque implica em lutar contra a exploração capitalista, algo que não interessa às mulheres burguesas.
*Centrodosocialismo

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