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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, dezembro 26, 2013

Emiliano José sobre o rol de ilegalidades contra os presos políticos da AP470: Guantánamo, não!




No BLOG DO SARAIVA
Por Emiliano José em seu Facebook
25/12/2013
O impossível acontece: juiz decide aplicar penas suplementares e ilegais aos presos da AP 470 da Papuda.
Primeiro, mantém em regime fechado quem devia estar em semiaberto.
Segundo, sem quê nem pra quê, manda confiscar os livros deles, entrega-os à biblioteca do presídio.
Terceiro, determina escassas duas horas de leitura por dia.
Fui preso político: passei quatro anos na PLB da Bahia. Depois da fase da tortura líamos todos os livros que passavam pela censura da Cadeia: e passava quase tudo que naturalmente não era uma censura letrada. Podíamos ler Asterix e O Capital. Ou O vermelho e o negro. E ninguém ditava nossas horas de leitura.
Agora, sob o Estado de Direito, um juiz, a seu talante, resolve atropelar mais ainda a lei, pretendendo superar a ditadura. Está conseguindo.Ganha um lugar na história. Nada honroso, é verdade. Mas, o ineditismo do ato ditatorial fora de época lhe está assegurado.
Resta, penso, que não se cruze os braços. Que haja reações. O ovo da serpente do autoritarismo está aí, chocando sob variadas formas, malgrado nossa bendita democracia. Não podemos deixar passar isso, naturalizar o arbítrio.
De tudo que sei, há ilegalidades flagrantes acontecendo. Já abriram o portão, pisaram em nossas flores. Não podemos permitir que suprimam nossa voz.Providências jurídicas já. Mobilização de nossa gente, já! 
Não bastasse o julgamento de exceção, querem também impor cumprimento de pena de exceção. Guantanamo, não!

* Blog Justiceira de Esquerda

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