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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, dezembro 29, 2013

Tecnologia
Reconstruir pele e ossos com carapaças de caranguejos

Indústria farmacêutica e biomédica está interessada em explorar recentes descobertas


A indústria farmacêutica e biomédica está interessada em explorar recentes descobertas sobre novos usos a dar aos caranguejos pilados, entre as quais, segundo uma investigação, a reconstrução de tecidos a partir de compostos extraídos das suas carapaças.

Francisco Avelelas, estudante de 23 anos da Escola de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche, defendeu há uma semana a investigação de mestrado, segundo a qual compostos extraídos das carapaças dos crustáceos têm atividade antibacteriana, antifúngica, antioxidante e até proteica.

«Pode ser utilizado em revestimentos de próteses para aumentar o tempo de não rejeição da prótese e em pensos que, com estas atividades antibacterianas e antifúngicas, permitem uma cicatrização mais rápida dos tecidos», explicou à agência Lusa o biólogo.

Além disso, têm também reaproveitamento no revestimento de frutas e outros produtos para aumentar o tempo de prateleira, no revestimento de comprimidos ou na composição de pesticidas agrícolas menos nocivos para a saúde e para o ambiente.

Segundo o estudo, pode integrar a formulação de comprimidos para emagrecimento, permitindo que «os lípidos não sejam absorvidos e processados pelo organismo para prevenir calorias quando vamos ter uma alimentação mais calórica».

Apesar de serem capturados com outras espécies pelas artes de pesca, os caranguejos pilados não têm qualquer valor económico para a pesca, uma vez que não são consumidos.

Mas, com a investigação em torno das carapaças dos crustáceos, os biólogos pretendem conferir valor ao recurso, colocando não só os pescadores a capturar o pescado mas também a indústria farmacêutica e biotecnológica a explorar comercialmente esses novos usos e já há interesse de uma empresa dessa área.

Além da aplicação industrial dessa matéria-prima, a empresa tenciona vir a instalar uma nova fábrica em Peniche, um investimento de um milhão de euros que pode vir a criar meia dúzia de postos de trabalho qualificados, adiantou à Lusa Sérgio Leandro, investigador que coordenou o mestrado.

O investigador defendeu que há condições para instalar um cluster biotecnológico na cidade, uma vez que, à semelhança dos caranguejos, existem outros recursos marinhos que podem vir a ser estudados e ser explorados para outros usos que não os da pesca.
*nina
http://www.tvi24.iol.pt/503/tecnologia/investigacao-carapaca-caranguejos-pele-ossos-caranguejos-pilados/1523294-4069.html

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