Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, junho 29, 2014



Ser dependente é confortável


0000


Por Ana Burke
Os escravos, depois que se acostumaram com a vida na senzala, passaram a adorar e a amar o seu Senhor. A insegurança e o medo de abandonar a proteção do Senhor fez com que ficassem acomodados, paralizados e, ao invés de lutarem por sua liberdade, agradeciam pelos restos que sobravam ou caíam da mesa dos seus senhores. A liberdade veio, não pela luta dos negros, mas pela mão e luta de abolicionistas brancos.
Desde o princípio dos tempos a covardia e o medo sempre prevalesceram. O medo controla o ser humano e o mantêm prisioneiro. Quando vejo pessoas ajoelhadas rezando e agradecendo por migalhas, vejo perdedores e vencidos sem coragem de levantar a cabeça e encarar o mundo e a si mesmo. Não pensar é muito bom, o curral é seguro porque têm cercas que protegem.
A liberdade exige coragem. Viver a verdade e enfrentar adversidades não é para qualquer um. Ser um animal de estimação de líderes religiosos é muito mais confortável. Abandonar a fé a usar a razão é muito perigoso.
Palavras de Martinho Lutero:
“Se você entende o Evangelho, com razão, peço-lhe para não acreditar que ele possa ser levado a efeito sem tumulto, escândalo, sedição …. A palavra de Deus é uma espada, é uma guerra, é ruína, é escândalo .” Fonte: Carta de Martin Luther a Georg Spalatin, fevereiro 1520
*http://anpekla.com/2014/06/29/ser-dependente-e-confortavel/

Nenhum comentário:

Postar um comentário