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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Inês: manter Jobim é homenagear Médici e copiar Pinochet





    Médici e Pinochet: a dupla ideal para o Governo de uma guerrilheira

    Para variar, Maria Inês Nassif escreve magistral artigo na pág. A10 do Valor de hoje: “Divã para livrar o país da síndrome do quepe”.

    “O período militar é um cadáver insepulto”, diz ela na primeira linha.

    Nassif lembra que a campanha presidencial de 2010 bateu de novo na porta dos quartéis.

    Foi o que fez Padim Pade Cerra no Clube da Aeronáutica, no Rio, em reunião sem jornalistas: lembrou que Dilma tinha sido guerrilheira.

    Ou seja: “A contaminação da oposição pelo velho udenismo (ou seja, FHC e Padim Pade Cerra – PHA) trouxe junto o hábito de pedir a tutela dos quartéis, quando seu projeto político não consegue se viabilizar pelo voto”, diz ela.

    E aí, se forja um consenso: “… a direita tem legitimidade para levar o confronto ao limite (o Golpe – PHA), enquanto, do centro à esquerda, os atores políticos se tornam irresponsáveis se não estiverem sempre conciliando” (como escolher e manter no Ministério da Defesa um serrista como Nelson Johnbim – PHA).

    Aí, Inês Nassif enfrenta todo o PiG (*) tupiniquim e põe o dedo na ferida: Nassif acredita no WikiLeaks.

    Johnbim se fortaleceu no Governo Lula ao detonar a investigação sobre o homem da caixa preta da Republica – o passador de bola apanhado no ato de passar bola, Daniel Dantas.

    Fortaleceu-se ao detonar todos os que tentaram institucionalizar a revisão dos crimes de tortura no regime militar.

    Johnbim está sentado em cima da tortura e fez o que os militares brasileiros – jamais confrontados – queriam: manter a tortura intocada – PHA

    Raymundo Faoro disse ao Mino Carta, quando Johnbim começou a despontar, ao lado de Fernando Henrique Cardoso, na Constituinte: não confie nesse rapaz.

    Faoro também era gaúcho e conhecia chimangos e maragatos.

    Esse mesmo Johnbim aparece agora no WikiLeaks – e só o Brasil não leva o WikiLeaks a sério … –, onde “expôs suas divergências com o Ministério das Relações Exteriores a ninguém menos que o Embaixador dos Estados Unidos. “

    “Gentilmente cedeu ao embaixador a informação dada confidencialmente por seu chefe, o Presidente da República, sobre o estado de saúde do presidente da Bolívia.”

    “O Ministério da Defesa – e, portanto, as Forças Aramadas – não se integra a um governo legitimamente eleito, mas se mantém no Governo com altíssimo grau de autonomia, graças às ondas de pânico criadas por grupos de direita”,  (como seu companheiro de apartamento funcional, Pade Cerra – PHA).

    “E paga o mico das inconfidências de um ‘ministro da Defesa invulgarmente ativo’, segundo definição do próprio Sobel em um de seus telegramas.”

    Johnbim na Defesa é uma singela homenagem ao regime militar, insepulto:

    “Não deve ser à toa que … a turma que se forma este ano na Academia Militar de Agulhas Negras (Aman) tenha se batizado com o nome de Emilio Garrastazu Médici, presidente militar do período mais sangrento da ditadura”, diz Inês Nassif.

    Este Conversa Afiada já disse que “Lula quer fazer de Johnbim o Marechal Lott da Dilma”.

    Depois de ler o excelente artigo de Inês Nassif, este ordinário blogueiro muda de opinião: Lula quer que o Johnbim seja o Pinochet do Patrício Alwyn, o primeiro presidente eleito democraticamente no Chile, depois do regime Pinochet.

    Alwyn foi obrigado a manter Pinochet onde ?  Onde ?

    No Ministério da Defesa !

    Pinochet é mais apropriado.

    Viva o Brasil !


    Paulo Henrique Amorim



    (*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.


    O que a Dilma não pode
    conversar com o Johnbim





      Gates, o da direita, falou mal dela ao embaixador russo. Pode ?


      Será que a Dilma vai conversar sobre o pré-sal na frente do Johnbim ?

      As  novas descobertas, as novas avaliações ?

      E se ele contar ao embaixador americano ?

      Nunca se sabe.

      Clique aqui para ler “Pré-sal, a maior vitória de Lula”.

      E sobre os submarinos nucleares para defender o pré-sal ?

      A Dilma vai tratar disso com o ministro da defesa (do Brasil ou dos Estados Unidos ?) ?

      A Dilma vai conversar sobre as pesquisas da Marinha, em Iperó, com tecnologia nuclear, na frente do Johnbim ?

      E se ele contar ao embaixador americano ?

      Se a Dilma for ao Irã – vai conversar sobre o programa nuclear do Irã com o Johnbim ?

      E se ele contar ao embaixador americano ?

      A Dilma vai conversar com o Johbim sobre as negociações com a França para expandir a cooperação militar e nuclear ?

      Isso interessa muitíssimo ao embaixador americano !

      A Dilma vai consultar seu Ministro da Defesa a propósito de bases americanas no Brasil, na Bolívia, no Paraguai e na Colômbia ?

      O novo ministro (a) das Relações Exteriores conseguirá expor, na frente do Johnbim, a estratégia da diplomacia brasileira para conseguir um assento no Conselho de Segurança da ONU ?

      Ou como vai enfrentar na Agencia Internacional de Energia Atômica a pressão dos americanos para o Brasil abrir seu processo – único – de enriquecimento de urânio ?

      O Ministro das Minas vai contar na frente do Johnbim o verdadeiro potencial das reservas brasileiras de urânio ?

      Ou será preciso esperar o Ministro da Defesa ir ao banheiro ?

      O embaixador da Líbia (ou da Síria, Venezuela, Rússia, Bolívia ou da Argentina) em Brasília vai a uma recepção a que compareça o Nelson Johnbim.

      E se o embaixador tomar uns tragos ?

      O Johnbim vai contar ao embaixador americano a inconfidência ?

      Quando Lula o escolheu ministro da Defesa, Johnbim pediu autorização para contar a seu melhor amigo: Padim Pade Cerra.

      No dia seguinte, a notícia apareceu, apenas, na coluna “Painel”, da Folha (*) que dispensa tratamento de First Class ao Padim Pade Cerra.

      Ele conta.

      O Johnbim é do tipo que conta.

      Ao Cerra e ao embaixador americano.

      Só no Brasil é possível assistir-se a um impasse dessa natureza.

      Já imaginou, amigo navegante, se o Robert Gates, ministro da Defesa americano, é apanhado no WikiLeaks – que o William Bonner chama de “uaiquiliquis” – com o embaixador russo a falar mal da Hillary ?

      E o Gates dizer que a política externa da Hillary não presta, que é contra a Rússia ?

      E o embaixador russo ficar felicíssimo, porque sempre desconfiou disso, mas, só agora, com a inconfidência, teve certeza ?

      O Gates dizer ao russo que o ministro da Estratégia de Segurança Nacional – por sinal, seu “grande amigo” – “odeia” a Rússia ?

      E contar ao russo que o Obama lhe contou que o Secretário-Geral do PC chinês tem um tumor gravíssimo na cabeça ?

      Viva o Brasil !


      Paulo Henrique Amorim

      Nelson Jobim, o ex-tucano que virou um papagaio

      Não existe no país e na classe política algum nome que possa substituir o ministro Nelson Jobim? Por que ele é imprescindível?
      Nelson Jobim, ministro da Defesa do Brasil, foi pego servindo de informante da Embaixada dos Estados Unidos. Isso depois de Lula ter consolidado, à custa de enorme esforço do Itamaraty e da diplomacia brasileira, uma imagem internacional independente e corajosa, justamente em contraponto à política anterior, formalizada no governo FHC, de absoluta subserviência aos interesses dos EUA.
      “Foi preciso oito anos para o país se livrar da imagem infame do ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer tirando os sapatos no aeroporto de Miami, em dezembro de 2002, para ser revistado por seguranças americanos.
      O ministro da Defesa, que veio do ninho tucano e era amigo pessoal de FHC (a cujo governo serviu) e de José Serra, ficou mal outra vez. O ministro desmentiu o Wikileaks, mas foi o primeiro a tomar tal atitude, pois nem mesmo as autoridades norte-americanas negaram a autenticidade dos documentos divulgados pelo site.
      Jobim está no centro da farsa que derrubou o delegado Paulo Lacerda da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), acusado de grampear o ministro Gilmar Mendes, do STF. Jobim apresentou a Lula provas falsas da existência de equipamentos de escutas que teriam sido usados por Lacerda para investigar Mendes. Foi desmentido pelo Exército.
      Em seguida, Jobim deu guarida aos comandantes das forças armadas e ameaçou renunciar ao cargo junto com eles caso o governo mantivesse no texto do Plano Nacional de Direitos Humanos a ideia (!) da instalação da Comissão da Verdade para investigar as torturas e os assassinatos durante a ditadura militar.
      Por que Nelson Jobim tem que continuar no Ministério da Defesa, se nem da cota do PMDB é, qual será o seu grande avalista, o presidente Lula ou as forças armadas? E a pergunta sem resposta que não quer calar, "Será que ele votou para presidente no número 13 da candidata Dilma?"


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