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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 26, 2012

Julian Assange, hoje cedo: “Essa talvez seja a última vez que posso falar em público”



Julian Assange fala em edição de “Shadows of Liberty”, usando uma máscara de Guy Fawkes, imortalizada pelo Coletivo Anonymous e recriada por WikiLeaks.
No filme, Assange explica que essa talvez seja a última vez que será visto em público e que quis dar uma indicação de como poderá continuar a manifestar-se, mesmo ausente. Mas disse que acredita que fez o possível para tornar produtivo o tempo que permaneceu em prisão domiciliar na Inglaterra. Agora, está à espera do veredicto da Corte inglesa, sobre sua extradição para a Suécia, depois da qual virá, quase com certeza, sua extradição da Suécia para os EUA.
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Julian Assange:“Como nos podemos defender da cyberditadura dos EUA?”
Julian Assange falou ao programa EIM2012 na Holanda. O evento não foi transmitido ao vivo, mas aqui vão alguns fragmentos do que disse, transmitidos por presentes ao programa, por Twitter:
“Amigo não expõe amigo, como faz Facebook.”
“Se você não pagou pela mercadoria (por exemplo, Facebook), então, você é a mercadoria.”
“Telefone celular é aparelho de rastreamento, que também faz e recebe chamadas.”
Assange alertou que a escuta clandestina e o hacking são atividades policiais de rotina e acontecem em todo o mundo, também entre países.
“Ninguém protege os direitos individuais?”
“O direito de os cidadãos norte-americanos portarem armas de fogo foi criado para impedir a ditadura do Estado. Que armas têm os cidadãos, hoje, como cidadãos digitais, contra a cyberditadura dos EUA?”

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