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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, agosto 13, 2012

Haddad promete 'redesenhar' São Paulo em programa de governo

                      
Haddad promete 'redesenhar' São Paulo em programa de governo


"Nunca ninguém apresentou uma proposta de redesenho urbano como nós estamos apresentando", disse o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo; o plano é extinguir o "bairro-dormitório" ao desenvolver regiões marginais, o que evitaria tanto deslocamento pela cidadde
247 - O candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, apresentou nesta segunda-feira seu "arco do futuro", como apelidou o marqueteiro João Santana o programa de governo petista para a capital paulista. O plano (clique aqui para conhecê-lo na íntegra) se baseia no replanejamento urbanístico da cidade e pretende descentralizar a lógica de São Paulo, que girará em torno de um novo eixo: a começar pela Avenida Cupecê (zona sul) e seguir pelas marginais Pinheiros e do Tietê -- fechando na Avenida Jacu Pêssego (zona leste).


 
"A análise dos números e a visualização dos mapas dos principais indicadores de São Paulo mostram que se trata de uma cidade profundamente desigual e desequilibrada", introduz o plano. "As desigualdades e os desequilíbrios se constituíram ao longo do próprio processo histórico da formação da cidade. Foram poucas as autoridades estaduais e os prefeitos que pensaram e agiram na cidade a partir do planejamento. Muitos dos planos elaborados foram ficando amarelados ao longo no tempo, jazendo nas gavetas da burocracia e da ineficiência. Mudar os rumos e os sentidos dessa história não é fácil, mas é o que se propõe a candidatura de Fernando Haddad à Prefeitura Municipal de São Paulo", continua o texto.


O plano prevê investimento de R$ 20 bilhões em obras viárias nos próximos quatro anos e espera a colaboração do governo federal. "Nunca ninguém apresentou uma proposta de redesenho urbano como nós estamos apresentando. É a primeira vez que rompemos com o paradigma de Prestes Maia", disse Haddad durante a apresentação do programa -- no modelo de Prestes Maia, que tem 80 anos, a metrópole se divide em cidade-dormitório e área de trabalho.


 
A reorganização deve ser estimulada por meio de incentivos fiscais. Haddad promete reduzir de 5% para 2% o ISS das empresas que forem para as regiões alvo e avalia zerar o IPTU das iniciativas que se deslocarem das regiões de maior para menor demanda imobiliária. "Ninguém vai morar mais em bairro-dormitório", disse o candidato. "O projeto promove a descentralização do desenvolvimento da cidade de maneira a levar esperança para a população do extremo sul e leste de forma que eles terão uma cidade ao seu alcance", completou.


 
A ideia, grosso modo, é evitar tanto deslocamento, que chega a parar a cidade nos horários de pico. No plano estratégico, também os projetos de educação, saúde e cultura devem seguir essa lógica e escapar das regiões do centro e das Avenidas Faria Lima, Paulista e Engenheiro Luiz Carlos Berrini. Vingando o sistema, as subprefeituras voltam a cumprir seu papel de administrar 'pequenas cidades'.


 
"O fato é que, desde a década de 1940 até hoje, a cidade de São Paulo vem crescendo baseada em um modelo de desigualdade socioterritorial, conhecido por espoliação urbana, no qual o desigual acesso à infraestrutura urbana, serviços públicos, mobilidade e empregos agrava a exclusão gerada pela baixa remuneração do trabalho", diz o texto. "Esse quadro é marcado por um processo de concentração da habitação popular nas periferias desqualificadas, o que constitui o pior cenário para as grandes metrópoles modernas", segue o programa. "Nos últimos anos, com a retomada do crescimento econômico do País, aumento do emprego, maior acesso ao crédito e implantação dos programas sociais, a situação econômica da população melhorou, mas a falta de uma política urbana, fundiária e habitacional no município, associada a um intenso processo de especulação imobiliária, agravou os processos de exclusão territorial", critica o texto.
Mobilidade

 
Além de reorganizar a cidade, o plano prevê a construção de 150 quilômetros de corredores de ônibus em faixas exclusivas. Também está nele a já apresentada proposta do bilhete único mensal e semanal. "Tem no mundo inteiro, mas aqui é um retrocesso (a proposta)", ironizou Haddad, aludindo às críticas do PSDB ao projeto. Há no plano ainda a sugestão ao governo estadual de estender a Linha 3-Vermelha do metrô da Barra Funda à Lapa, integrar por via subterrânea as estações Barra Funda e Brás, antecipar a inauguração da estação Pirituba da Linha 6-Laranja do Metrô, estender a Linha 2-Verde da Vila Madalena até Cerro Corá e ampliar da linha 5-Lilás de Capão Redondo até o Jardim Ângela.



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