Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 18, 2012

Traduções de Aristóteles, Maquiavel, Voltaire, Hume, Kant e outros num só livro pelos professores da Universidade Federal do Paraná: "Antologia de textos filosóficos"




por Paulo Jonas de Lima Piva
Informação bibliográfica não é erudição vazia. Ao contrário, é um conhecimento fundamental para quem estuda filosofia. Ter ciência dos lançamentos, das melhores traduções e edições fornece ao pesquisador os pilares de uma pesquisa sólida e rica. Nesse sentido, só agora descobri, infelizmente, o livro Antologia de textos filosóficos. Trata-se de uma valiosa iniciativa dos professores de filosofia da Universidade Federal do Paraná. O livro foi publicado em 2009, com o apoio da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, e distribuído gratuitamente. A edição, é óbvio, esgotou rapidamente.
Com prefácio de Marilena Chauí, Antologia de textos filosóficos, organizado por Jairo Marçal, traz textos clássicos da história da filosofia em novas traduções. Foram contemplados pelo livro Aristóteles, Agostinho, Avicena,  Berkeley, Rousseau e Gramsci, entre outros. O célebre ensaio de Kant Resposta à pergunta: o que é Aufklarung? aparece no livro com nova tradução, mais esmerada, ao que parece, do que outras disponíveis no mercado e na internet. O não menos célebre O Existencialismo é um humanismo, de Sartre, também aparece em nova tradução. Importante dizer que, além das traduções, há também textos de introdução aos filósofos selecionados. Em suma, parabéns ao organizador do empreendimento Jairo Marçal, bem como a todos os professores que participaram do livro, a maior parte da Universidade Federal do Paraná.
O livro está disponível para downloads no link abaixo:


http://pt.scribd.com/doc/59186377/Antologia-de-Textos-Filosoficos-Completo
*Opensadordaaldeia

Nenhum comentário:

Postar um comentário