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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, janeiro 16, 2013

RESGATAR A HISTÓRIA E DENUNCIAR OS DEDO-DUROS E TORTURADORES!
Há exatos quarenta anos, em 8 de janeiro de 1973, seis opositores da ditadura militar ligados à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) foram mortos e jogados numa minúscula propriedade rural na mata de Paratibe, entre Abreu e Lima e Paulista (na imagem do Instituto de Polícia Técnica de Pernambuco). Na época, o Jornal do Commercio e o Diario de Pernambuco publicaram matérias exaltando a operação policial: seis terroristas reunidos num congresso clandestino mortos em tiroteio após resistirem à ordem de prisão das forças de segurança. O tiroteio nunca existiu. Presos em lugares diferentes, os militantes foram levados ao pequeno sítio, onde foi forjada a troca de tiros. Eles foram metralhados com 26 tiros, dos quais 14 nas cabeças - muitos deles à queima-roupa. O responsável pelas mortes, que em 1964 ficou nacionalmente conhecido por cabo Anselmo - mesmo nunca tendo chegado a cabo, sendo, na verdade, um marinheiro de primeira-classe - era companheiro de uma das mortas. Ele atuou como agente infiltrado em diversos grupos de esquerda, e estima, ele próprio, que até 200 pessoas possam ter morrido em decorrência de suas delações. 

Que as mortes de Soledad Barrett, Jarbas Pereira Marques, Pauline Reichstul, Eudaldo Gomes, Evaldo Luiz Ferreira de Souza, e José Manoel da Silva sejam mais trabalho para a Comissão da Verdade Dom Helder Câmara.
Há exatos quarenta anos, em 8 de janeiro de 1973, seis opositores da ditadura militar ligados à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) foram mortos e jogados numa minúscula propriedade rural na mata de Paratibe, entre Abreu e Lima e Paulista (na imagem do Instituto de Polícia Técnica de Pernambuco). Na época, o Jornal do Commercio e o Diario de Pernambuco publicaram matérias exaltando a operação policial: seis terroristas reunidos num congresso clandestino mortos em tiroteio após resistirem à ordem de prisão das forças de segurança. O tiroteio nunca existiu. Presos em lugares diferentes, os militantes foram levados ao pequeno sítio, onde foi forjada a troca de tiros. Eles foram metralhados com 26 tiros, dos quais 14 nas cabeças - muitos deles à queima-roupa. O responsável pelas mortes, que em 1964 ficou nacionalmente conhecido por cabo Anselmo - mesmo nunca tendo chegado a cabo, sendo, na verdade, um marinheiro de primeira-classe - era companheiro de uma das mortas. Ele atuou como agente infiltrado em diversos grupos de esquerda, e estima, ele próprio, que até 200 pessoas possam ter morrido em decorrência de suas delações.

Que as mortes de Soledad Barrett, Jarbas Pereira Marques, Pauline Reichstul, Eudaldo Gomes, Evaldo Luiz Ferreira de Souza, e José Manoel da Silva sejam mais trabalho para a Comissão da Verdade Dom Helder Câmara.

*MariaFernanda A.Sch.

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