Lula elogia Camila Vallejo em sua visita ao Chile
O ex-presidente disse que a jovem deputada comunista "representa um novo pensamento para a política latino-americana"
Rocío Montes
Santiago de Chile
O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, iniciou na
terça-feira uma visita de dois dias a Santiago do Chile. Lula elogiou a
ex-líder dos estudantes chilenos , Camila Vallejo, que há dez dias foi
eleita deputada pelo Partido Comunista . "Ela representa um novo
pensamento para a política latino-americana", disse o ex-presidente em
uma palestra esta manhã na sede da Comissão Econômica para a América
Latina e o Caribe (CEPAL).
Lula lembrou que, em 2011, durante os protestos estudantis chilenos,
Vallejo viajou a Brasília e o convidou para que fosse a Santiago.
Brincando, no entanto, explicou que não poderia aceitar a oferta para
evitar problemas diplomáticos . Os convidados, incluindo a própria
geógrafa, que naquele momento tinha 25 anos, riram da brincadeira,
típica e recorrente da personalidade extrovertida e bem humorada do
mandatário brasileiro.
O ex-presidente chegou à capital chilena para participar do seminário
"Desenvolvimento e integração da América Latina", onde também se
apresentou o ex-presidente chileno, o democrata-social Ricardo Lagos.
Após a intervenção, Lula conversou com Vallejo e com a comunista Bárbara
Figueroa , presidente do maior sindicato do Chile, a Central Unitária
de Trabalhadores (CUT) .
Lula demonstrou uma preocupação especial sobre as questões de
educação durante sua visita ao Chile. Na terça-feira à noite, a
candidata Michelle Bachelet ofereceu um jantar em sua honra na sede da
CEPAL, onde Lula contou em detalhes o modelo de ensino superior no
Brasil. De acordo com a imprensa local, o presidente falou com a
socialista sobre educação gratuita, uma das principais reformas
previstas para o segundo mandato de Bachelet. Os ex-chefes de Estado
discutiram também os protestos de 2011, que, para alguns especialistas,
possuem semelhanças significativas com as manifestações de junho em diferentes cidades brasileiras.
Pouco antes da recepção calorosa e de camaradagem, Lula participou de
uma coletiva de imprensa conjunta com Bachelet , onde reiterou o seu
apoio à candidatura presidencial da socialista, que 15 de dezembro deve
ser medida no segundo turno com a candidata da direita, Evelyn Matthei .
"Tenho a certeza de que o povo chileno vai saber escolher a pessoa mais
comprometida em promover o país", disse o ex-chefe de Estado que antes
do primeiro turno fez um vídeo para apoiar a candidatura da ex-diretora
do ONU Mulheres .
Não foi a primeira vez que Lula toma posição em uma corrida
presidencial na América Latina. Em abril ele declarou o seu apoio ao
candidato de Chávez na Venezuela, Nicolás Maduro, também com um vídeo .
A visita de Lula ao Chile foi vista pelos analistas locais como uma
tentativa do Brasil recuperar a proximidade que os dois países tinham
durante o primeiro mandato de Bachelet (2006-2010). A administração de
Piñera tem ligações privilegiadas com a Aliança do Pacífico, um bloco
comercial e político do qual participam México, Colômbia, Peru e Chile.
Bachelet, no entanto, para chegar à La Moneda, tem como objetivo
fortalecer as relações com o Brasil e a Argentina. Declarou no seu
programa de governo : "Nós admiramos os esforços de integração na
Aliança do Pacífico, mas tentaremos orientar nossa participação nesta
iniciativa desde uma perspectiva que seja excludente nem antagônica em
relação a outros projetos de integração existentes na região, nos quais o
Chile também participa”.
Fonte: El País
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