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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, setembro 24, 2014


Acordo do clima precisa ter força para promover desenvolvimento sustentável, diz Dilma na ONU

“Entre 2010 e 2013, deixamos de lançar na atmosfera a cada ano, em média, 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Alcançamos em todos esses anos as quatro menores taxas de desmatamento da nossa história”, afirmou Dilma na Cúpula do Clima, na ONU, em Nova Iorque. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR.
“Entre 2010 e 2013, deixamos de lançar na atmosfera a cada ano, em média, 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Alcançamos em todos esses anos as quatro menores taxas de desmatamento da nossa história”, afirmou Dilma na Cúpula do Clima, na ONU. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR.
ONU
Construção de um novo acordo global sobre clima com amplitude e força necessárias para enfrentar atuais desafios mundiais neste setor, inclusive os econômicos, foi o que defendeu a presidenta Dilma Rousseff, nesta terça-feira (23), na Cúpula do Clima 2014, que ocorre na sede da ONU em Nova Iorque. Ela lembrou que, no último domingo (21), centenas de milhares de pessoas saíram em marcha pelas ruas das grandes capitais do mundo, como Nova Iorque, Paris, Londres, Nova Délhi, Berlim, Bogotá, Melbourne, Vancouver e Rio de Janeiro, entre outras, para pedir avanços concretos nas negociações em curso no âmbito da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima.
Segundo a presidenta, o Brasil está sintonizado com este anseio. “Temos participado ativamente destas negociações. Defendemos a adoção coletiva de medidas justas, ambiciosas, equilibradas e eficazes para enfrentar este desafio”, enfatizou.
A chefe de Estado brasileira voltou a afirmar que o novo acordo climático precisa ser universal, ambicioso e legalmente vinculante, respeitando princípios e dispositivos da Convenção-Quadro, em particular os de equidade e das responsabilidades comuns, porém diferenciadas.
Este acordo deverá ser robusto em termos de mitigação, adaptação e meios de implementação. “O Brasil almeja um acordo climático global, que promova o desenvolvimento sustentável. O crescimento das nossas economias é compatível com a redução de emissões”, enfatizou, em referência ao tema do debate geral da 69ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que será aberto pela presidenta em Nova Iorque, na quarta-feira (24).
Brasil reduz desmatamento em 79%
Dilma destacou ainda em seu discurso que o Brasil tem feito seu dever de casa neste campo, com vários avanços notáveis, “ao mesmo tempo em que diminuímos a pobreza e a desigualdade social, protegemos o meio ambiente. Nos últimos 12 anos, temos tido resultados extraordinários.”
Em 2009, por exemplo, na Conferência do Clima de Copenhague, o Brasil anunciou o compromisso voluntário de reduzir entre 36 e 39%, as emissões projetadas até 2020. “Desde então, pusemos em marcha ações decisivas. Nosso esforço tem dado grandes resultados”, lembrou a presidenta. E acrescentou que, ao longo dos últimos dez anos, o desmatamento no Brasil foi reduzido em 79%.“Entre 2010 e 2013, deixamos de lançar na atmosfera a cada ano, em média, 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Alcançamos em todos esses anos as quatro menores taxas de desmatamento da nossa história”.
Além disso, as reduções voluntárias do Brasil contribuem de maneira significativa para a diminuição das emissões globais no horizonte de 2020. “O Brasil, portanto, não anuncia promessas. Mostra resultados. Nossa determinação em enfrentar a mudança do clima não se limita à Amazônia brasileira”, afirmou Dilma Rousseff.
A presidenta lembrou ainda que o Brasil está cooperando com os países da Bacia Amazônica em ações de monitoramento e de combate ao desmatamento. E vai contribuir também para a redução do desmatamento com os países da Bacia do Congo.
Internamente, o governo adotou planos setoriais para a redução do desmatamento no Cerrado brasileiro; para o aumento das energias renováveis e para a promoção da Agricultura de Baixo Carbono.
O País é um grande produtor de alimentos, acrescentou a presidenta. “Temos consciência que as técnicas agrícolas de baixo carbono, ao mesmo tempo em que reduzem emissões, elevam a produtividade do setor agrícola”.
Ela destacou também a pequena agricultura familiar, onde as práticas agroecológicas ajudam a reduzir a pobreza no campo. Ambos programas são decisivos para a segurança alimentar e nutricional de milhões de brasileiros.
No Brasil, disse, a produção agrícola de grãos se dá sobretudo pelo aumento da produtividade com uma expansão muito pequena da área agrícola plantada. Tamanho crescimento da produtividade só é possível com muita pesquisa e inovação, muito investimento e intenso apoio do governo federal.
“Tudo isso desfaz a pretensa contradição entre produção agrícola e proteção ao meio ambiente. Prova que é possível crescer, incluir, conservar e proteger o meio ambiente”, explicou.

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