Um pedacinho do meu coração foi abandonado, a seu lado, em um terreno baldio de Goiás.
Uma parte de mim desapareceu com Jandira Magdalena dos Santos Cruz.
A audácia de querer ser dona do meu próprio corpo custou-me a vida."
Uma parte de mim morreu com João Antonio Donati.
Um pedacinho do meu coração foi abandonado, a seu lado, em um terreno baldio de Goiás.
Uma parte de mim desapareceu com Jandira Magdalena dos Santos Cruz.
A audácia de querer ser dona do meu próprio corpo custou-me a vida.
Eu morro todos os dias.
Nos terrenos baldios, nas clínicas de aborto clandestino, nas vielas escuras.
Apanho todos os dias.
Com as palavras duras, com o repúdio velado, com o medo. Apanho em casa, apanho na rua, apanho e tentam arrancar-me a existência, tudo que eu tenho - minha dignidade, meu corpo, minha saúde mental. Sou violentada todos os dias junto a milhões de mulheres e pessoas homossexuais. Quando morrem por ser o que também sou, morro, pouco a pouco, com eles.
Nosso sangue derramado nas mãos dos odiosos não pode ser lavado. Não pode ser esquecido. Não pode ser ignorado. Até quando fingirão não ver as marcas? Até quando fingirão que não conhecem nossos algozes, até quando fingirão que o sangue de João Antônio e de Jandira Magdalena não poderia ser nosso? Não poderia ser de um de nossos amigos, companheiros e companheiras, mães e irmãs.
Seu ódio é criminoso. Seu preconceito é dilacerante. Seu machismo é assassino. Apaga sorrisos de rostos de jovens de 18 anos, silencia e agride mulheres desamparadas em mesas frias.
Suas piadas ainda têm graça? Suas crenças valem mais que vidas humanas? “Não ter nada contra” ainda é seu pretexto? Ainda quer nos mandar pra longe, ainda quer nos apagar, ainda quer “acabar com a praga” que nós somos?
Finja que não vê nosso sangue em suas mãos. Finja que não sabe que nos mata, mata a mim, Jandira e João, por eu ousar existir, ser mulher, e persistir em amar quem eu amo.
*Feminismo3/4
Nos terrenos baldios, nas clínicas de aborto clandestino, nas vielas escuras.
Apanho todos os dias.
Com as palavras duras, com o repúdio velado, com o medo. Apanho em casa, apanho na rua, apanho e tentam arrancar-me a existência, tudo que eu tenho - minha dignidade, meu corpo, minha saúde mental. Sou violentada todos os dias junto a milhões de mulheres e pessoas homossexuais. Quando morrem por ser o que também sou, morro, pouco a pouco, com eles.
Nosso sangue derramado nas mãos dos odiosos não pode ser lavado. Não pode ser esquecido. Não pode ser ignorado. Até quando fingirão não ver as marcas? Até quando fingirão que não conhecem nossos algozes, até quando fingirão que o sangue de João Antônio e de Jandira Magdalena não poderia ser nosso? Não poderia ser de um de nossos amigos, companheiros e companheiras, mães e irmãs.
Seu ódio é criminoso. Seu preconceito é dilacerante. Seu machismo é assassino. Apaga sorrisos de rostos de jovens de 18 anos, silencia e agride mulheres desamparadas em mesas frias.
Suas piadas ainda têm graça? Suas crenças valem mais que vidas humanas? “Não ter nada contra” ainda é seu pretexto? Ainda quer nos mandar pra longe, ainda quer nos apagar, ainda quer “acabar com a praga” que nós somos?
Finja que não vê nosso sangue em suas mãos. Finja que não sabe que nos mata, mata a mim, Jandira e João, por eu ousar existir, ser mulher, e persistir em amar quem eu amo.
*Feminismo3/4
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