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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 11, 2014

Minissérie Sexo e as Negas já é alvo de três denúncias na secretaria de Igualdade Racial




Três denúncias de racismo já foram recebidas pela ouvidoria da Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial (Seppir) por conta da minissérie
 Sexo e as Negas, com estreia prevista para o dia 16 deste mês na Rede Globo. Idealizada para ser um Sex and the City brasileiro, de acordo com o autor Miguel Falabella, a série não foi vista com bons olhos pelas diversas organizações do movimento negro. A insatisfação já levou o grupo a criar uma campanha de boicote ao programa, cuja página pode ser acessada na rede socialFacebook. Mulheres inconformadas com a temática da minissérie já empenham cartazes contra o que, para elas, seria considerada uma “representação negativa” da mulher negra. A Seppir está analisando as queixas e decidirá que providências serão tomadas, de acordo com coluna Poder Online, do Portal IG. A secretaria já chegou a solicitar ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária a suspensão de uma campanha da cerveja Devassa, em 2011, em que dizia que “É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra”. A denúncia foi feita junto ao Ministério Público (MP). Minissérie Sexo e as Negas já é alvo de três denúncias na secretaria de Igualdade Racial
Foto: Divulgação

Usuária do Facebook participa de campanha contra a minissérie | Foto: Reprodução/ Facebook
*http://www.bahianoticias.com.br/noticia/160058-minisserie-sexo-e-as-negas-ja-e-alvo-de-tres-denuncias-na-secretaria-de-igualdade-racial.html


De Realidade Escrota
Vem aí na Globo: mais uma série para colocar as negras em seu devido lugar

A Rede Globo vai lançar mais um produto para reforçar os estereótipos que associam os negros à pobreza. Escrita por Miguel Falabella e prevista para estrear em setembro, a série “Sexo & as Negas” será uma versão de “Sex & the City” ambientada no bairro de Cordovil, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

No lugar das mulheres profissionalmente bem sucedidas da série original, a versão brasileira terá uma camareira, uma cozinheira, uma operária e uma costureira.

O título de gosto duvidoso entrega um detalhe: as quatro protagonistas são negras. A série vai seguir a tendência cristalizada na mídia brasileira de associar a população negra à pobreza, à favela, ao samba etc.

Não vejo problemas na ideia de Falabella ambientar a história em um “subúrbio”, assim como caráter não se mede pela profissão exercida. O que me incomoda é a insistência em estereotipar a população negra, principalmente do sexo feminino, ignorando que há negras de classe média, com nível universitário e ocupando posições de destaque.

Negras que consomem cosméticos badalados, compram automóveis, casa própria e até os tais sapatos Manolo Blahnik, objeto de desejo de Carrie Bradshaw, a personagem principal de “Sex & The City”. Elas ainda são minoria em relação à população branca, mas numerosas o suficiente para merecer um tratamento mais igualitário dos meios de comunicação.

Embora sejam mais de 50% da população brasileira, negros e pardos são minoria entre os personagens da teledramaturgia e da publicidade. Tanto que estrangeiros menos informados, influenciados pelas telenovelas exportadas mundo afora, ficam surpresos quando descobrem que o Brasil é o segundo país mais negro do mundo.

Os escassos papéis com atores ou atrizes negros são destinados, em sua maioria, a personagens de menor importância na trama ou com uma condição social mais baixa. Na publicidade, então, parece que negros não consomem manteiga, cerveja, não compram automóveis, usam serviços bancários ou de telefonia.

A fala recente da filósofa e ativista americana Angela Davis resume o quadro: “Sempre assisto TV no Brasil para ver como o país se representa e a TV brasileira nunca permitiu que se pensasse que a população é majoritariamente negra”.

Pelo que os roteiristas da Globo estão produzindo, a opinião de Angela não será diferente na próxima vez em que ela visitar o Brasil e aproveitar para zapear a TV.

Leia a matéria completa: Portal Geledés
Imagem: Boicote Nacional ao programa "Sexo e as negas" da Rede Globo

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