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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, setembro 10, 2014

O conhecimento sempre se refere a isto, ou a aquilo - OSHO


Descurtir" O conhecimento sempre se refere a isto, ou a aquilo. A compreensão não é uma coisa, nem outra. O conhecimento é sempre dualidade: um homem é bom, sabe o que é bom; outro homem é mau, sabe o que é mau - mas ambos são fragmentados, divididos pela metade. 
O homem bom não é inteiro, porque não sabe o que é mau; sua bondade é pobre, carece da intuição que a maldade dá. O homem mau também é pela metade; sua maldade é pobre; não é rica, porque ele não sabe o que é bondade. E a vida é ambas as coisas reunidas.
Um homem de real compreensão não é bom nem mau, ele compreende ambas as coisas. E, em virtude dessa mesma compreensão, transcende ambas. Um sábio não é bom nem mau. Tu não podes confiná-lo a uma categoria; para ele não existem escaninhos; não podes classificá-lo. É ilusivo, não o podes agarrar. E qualquer coisa que digas dele, será sempre incompleta, nunca será tudo. Um sábio tem amigos e seguidores, que o julgarão um deus, porque só vêem sua parte boa. O sábio pode ter adversários e inimigos, e estes o julgarão diabo encarnado, porque só conhecem sua parte má. Mas, se conheceres um sábio, verás que ele não é uma coisa nem outra, ou ambas juntas - e ambas significam a mesma coisa.
Quando é ambas as coisas reunidas, bom e mau, não és nenhuma delas, porque elas se aniquilam mutuamente, negam-se mutuamente e, em seu lugar fica um vácuo.
Esse conceito é muito difícil pára a mente ocidental, porque os ocidentais dividiram Deus e o Diabo absolutamente. Tudo o que é mau pertence ao Diabo e tudo o que é bom pertence a Deus; seus territórios são demarcados; inferno e céu são colocados separadamente.
Por isso é que os cristãos parecem um tanto pobres aos olhos dos sábios tântricos; são apenas bons, simples; não conhecem o outro lado da vida. E por isso é que estão sempre temendo o outro lado, sempre tremendo de medo.
Um santo cristão está sempre rezando para que Deus o proteja contra o mal. O mal está sempre num canto e ele o tem evitado. Quando evitas algo constantemente, esse algo permanece na tua mente. E tens medo e tremes."
( Osho )

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