Os “milicos de pijama” estão gagás?
Por Altamiro Borges
Na sexta-feira passada (5), o exótico Clube Militar – entidade que reúne
os oficiais aposentados que apoiaram o golpe de 1964 e que até hoje têm
saudades da ditadura – divulgou um artigo enfático em apoio a Marina
Silva. O texto, intitulado “Um fio de esperança” e assinado pelo general
da reserva Clóvis Bandeira, dizia que a ex-senadora “incorporou o
desejo vago de mudanças que levou o povo às ruas em junho” e que ela
seria a única capaz de “interromper a malfadada corruptocracia instalada
no poder pelo lulopetismo”. Já nesta quarta-feira, a velha instituição
voltou a se manifestar, desta vez para apoiar a cambaleante candidatura
de Aécio Neves. O que houve? Racha interno ou velhice?
Segundo o novo artigo, agora assinado por Gilberto Pimentel, presidente
da entidade, “o candidato que consideramos ‘menos pior’ é o Aécio Neves,
que terá nosso voto (meu) e foi o único convidado por nós para
apresentar sua proposta de governo”. Ele ainda retruca o texto anterior,
afirmando que “seria total incoerência” apoiar a candidata do PSB. Para
evitar traumas internos, o general aposentado alega que o artigo do seu
subordinado, Clóvis Bandeira, foi “provocativo” e visava “recolocar o
Clube na mídia”. Para ele, o que move a entidade “é a esperança do fim
da era Lula/PT que tantos males já causou ao país... Nem interessa tanto
se para A, B ou CE, o importante é mudar já”.
Segundo o general da reserva, Aécio Neves teria agendado uma visita ao
Clube Militar. Ela só foi cancelada após a morte de Eduardo Campos. “A
mudança radical do cenário político, em seu desfavor, parece tê-lo
obrigado a rever seus compromissos. Avaliou que sua agenda não devia
mais nos incluir. Pena também é que seus correligionários já dão sinais
de aceitarem a derrota”, escreveu, em tom de mágoa. A postura errática
dos “milicos de pijama” não significa que eles não interfiram na batalha
eleitoral. Eles já têm o apoio do PSDB. No caso de Marina Silva, o que
talvez explique a confusão é que ela mudou de posição sobre a Lei de
Anistia. Antes era a favor da sua revisão para punir os crimes da
ditadura; agora é contra!
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