Reportagem maliciosa da Veja pode resultar em indenização de R$ 1 milhão
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Revista editada pela Editora Abril distorceu entrevistas de antropólogos para tentar provar sua tese de que demarcações não têm rigor. MPF vê promoção da “discriminação contra minorias étnicas”
01/09/2014
Por Daniela Silveira,
Reportagem maliciosa da revista Veja pode resultar em indenização de R$ 1 milhão por danos morais coletivos. O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública contra a Editora Abril, responsável pela publicação, devido a matéria discriminatória sobre populações indígenas e quilombolas.
Em 2010 a revista Veja publicou reportagem com o título “A farra da antropologia oportunista”, que caracterizava a criação de novas reservas como fruto do conchavo entre ativistas que tirariam proveito das demarcações. De acordo com a matéria, agentes públicos e antropólogos que analisam as áreas para reserva não teriam nenhum rigor científico, mas simplesmente viés ideológico de esquerda.
A procuradora autora da ação, Suzana Fairbanks Oliveira Schnitzlein, afirmou que “declarações de cunho racista e que promovem a discriminação contra minorias étnicas não podem ser toleradas a pretexto de liberdade de expressão/imprensa”.
O MPF aponta a utilização de vários termos depreciativos que incitam o preconceito contra as comunidades indígenas e outras minorias étnicas. Os Tupinambás, por exemplo, foram chamados de “os novos canibais”.
Também foi destacada pelo MPF a distorção de declarações dos antropólogos Márcio Pereira Gomes e Eduardo Viveiros de Castro, que foram citados na matéria como contrários à criação de novas reservas e aos critérios adotados. Ideia oposta à defendida pelos pesquisadores, que após a publicação pediram retratação aos editores da revista.
*GabyGuarnyKaiowá
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