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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, abril 02, 2015

Filho de Cristina Kirchner vai processar a Veja


O filho da presidente argentina, Máximo Kirchner, afirmou hoje que vai processar a Veja por uma matéria reproduzida em seu site que o acusa de possuir contas no exterior. A denúncia de Veja foi repercutida na manchete da 1ª página do jornal Clarín, na sua ediçao de hoje, o que levou Máximo – líder do movimento jovem La Cámpora, e herdeiro do legado político de Nestor Kirchner – a conceder uma entrevista em uma rádio local.
Máximo nunca havia dado uma entrevista para a grande mídia argentina e sua apariçao foi tao inesperada e surpreendente que a entrevista imediatamente começou a ser transmitida simultaneamente em diversos canais de TV e emissoras de rádios do país. Na conversa de mais de 30 minutos com o jornalista Victor Hugo Morales, além de negar a existência de contas no exterior em seu nome, Máximo afirmou que vai processar a revista Veja por calúnia e difamaçao. Segundo Máximo, ele nao viaja ao exterior desde 2002.
Assim como a versao de sua fonte (a revista Veja), a matéria do jornal Clarín nao apresenta nenhuma prova concreta da existência de contas de Máximo no exterior e a todo momento cita fontes nao identificadas. Surpreendente também é a quantidade de verbos no condicional, 13 no total, além da própria manchete.
Até mesmo importantes jornalistas de meios de comunicaçao considerados opositores ao governo Kirchner, como o La Nación, saíram a criticar a matéria do Clarín. Hugo Alconada Mon, pró-secretario de redaçao do La Nación e ferrenho crítico da administraçao kirchnerista, publicou em sua conta de Twitter: “Supostas contas secretas de Máximo Kirchner e Nilda Garré (Ministra da Defesa): manejar com cautela; inconsistências nos documentos bancários que circulam“.
*DCM

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