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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, abril 03, 2015

Partidos comunistas dos EUA declaram unidade

Partidos comunistas dos EUA declaram unidade

american party of laborA esquerda nos EUA não apresentava uma frente de unidade por anos. Já ficaram num passado distante os discuros de W.E.B. DuBois e Eugene V. Debs. Desde a era Macartista e seu ruidoso ataque às forças de liberdade e igualdade neste país, rotulando de anti-americano tudo aquilo a que os soviéticos eram favoráveis, como uma variação das sátiras de Groucho Marx, a esquerda se fraturou, se dividiu, e mesmo ainda existindo em número significativo, de tão dividida se tornou inútil.
Foi uma surpresa então testemunhar dois dos mais ativos partidos da extrema esquerda, o Partido Americano do Trabalho e o Partido dos Comunistas, EUA, anunciarem que trabalharão em conjunto de agora em diante. Esta notícia, de dois partidos estadunidenses colocando de lado suas diferenças e focando em seus pontos em comum repercutiu em todo o mundo. Mas a mídia local se manteve em silêncio, tendo já se convencido desde há muito que a extrema esquerda estava morta, apesar do recente aumento de sua popularidade, o que se tornou ainda mais óbvio com a eleição de Kshama Sawant em Seatle, WA.
party of communists usa 2Em seu anúncio de fraternidade, as organizações unidas estenderam as mãos para que outras organizações da extrema esquerda se juntem a elas. Se alguém vai responder a este chamado ainda não se sabe, mas a simbologia e o movimento de reconciliação, fraternidade e unidade é precisamente o que tem faltado para a extrema esquerda neste país. A força política da extrema esquerda neste país se evaporou principalmente devido ao divisionismo dos grupos entre si. Apesar de terem um objetivo comum, eles tiveram uma história de longas décadas em serem mais propensos a atacar uns aos outros.
Apesar de existirem dúzias de grupos Tea Party, eles ignoram suas diferenças e focam em seus fatores comuns, que é o que lhes faz mais efetivos na arena política, apesar de serem superados numericamente pela esquerda neste país. Precisamos de mais cooperação entre a esquerda, entre os verdes e os comunistas, entre os socialistas e os progressistas. Se essas organizações podem andar juntas em irmandade, todos nós podemos.
É um lembrete do lema dos EUA, antes que deixemos os macartistas pisotear o que a América queria dizer com “E Pluribus Unum”.
De muitos, Um.
Nathaniel Downes
Tradução de Glauber Ataide
Fonte: The Red Phoenix
*AVERDADE

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