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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, outubro 06, 2010

Sugestão para o primeiro programa de Dilma



Sugestão para o primeiro programa de Dilma

Coloco aí ao lado duas imagens, que certamente a campanha de Dilma terá como mostrar de forma muito mais didática, em vídeo, no primeiro programa.
A imagem de cima, a da plataforma P -57, que terá seu casco batizado amanhã, em Angra dos Reis (RJ) pelo presidente Lula. Custou US$ 1,2 bilhão, 60% do valor inicialmente previsto e, apesar do casco produzido em Cingapura, tem um índice de 68% de nacionalização.
A de baixo, a P-36, pouco antes de afundar, em 2001. Construída na Itália, com o nome de Spirit of Columbus, foi arrendada pela Petrobras de FHC em 1997, reformada no Canadá e submergiu no mar de Campos, matando mais de uma dezena de petroleiros. Só a reforma havia custado US$ 356 milhões.
Não há comparação mais didática entre o Brasil de hoje, que prepara o de amanhã, com Dilma e o Brasil de ontem, de FHC, que Serra quer ressuscitar.
Nada de entrar no “trololó″ da pauta da mídia serrista. Nada de ficar alimentando a discussão sobre os temas que usam para encobrir sua falta de propostas e projetos para o Brasil.

* Tijolaço

DIFERENÇAS

FHC queria chamar a Petrobrás de ‘Petrobrax’ para torná-la ' mais palatável aos mercados'.

Lula batiza hoje uma plataforma com o nome de Apolonio de Carvalho e festeja a soberania no pré-sal

Em 2002, em Angra dos Reis, o candidato Lula fuzilou a política tucana de terceirizar encomendas da Petrobrás a estaleiros no exterior, gerando falências na indústria naval e a demissão de cerca de 30 mil trabalhadores brasileiros. Nesta 5º feira, o Presidente Lula volta Angra dos Reis para um balanço dos compromissos assumidos há oito anos. Leva trunfos respeitáveis: a] no batismo da gigantesca plataforma P 57 –que terá o nome do legendário Apolonio de Carvalho-- ele poderá festejar um índice de nacionalização superior a 65% (exceto casco e grandes máquinas); b] a Petrobrás em seu governo tornou-se uma das 4 principais empresas de energia do planeta, fortalecida pelo sucesso da maior capitalização da história econômica mundial; c] a parcela do Estado na empresa saltou de 39,8% para 48% e foi a 63% do capital votante; d] já aprovado, o regime de partilha do pré-sal garante o comando da Petrobrás na exploração da maior reserva de petróleo descoberta nas últimas décadas; e] se predominasse o regime de concessão defendido pelo coordenador do programa de energia de José Serra, David Zylberstajn [Valor, 06-10), essa riqueza irrigaria os circuitos das petroleiras internacionais, mas sobraria pouco para investir no país e no seu povo, como defende Lula ; f] graças à soberania brasileira no pré-sal, as encomendas de embarcações, plataformas, sondas e outros equipamentos vão rechear a carteira de pedidos do parque naval brasileiro ao longo de muito anos; g] hoje, a indústria naval já emprega 45 mil trabalhadores, vinte vezes mais do que o saldo deixado pelo governo FHC, que teve Zylberstajn na Agencia Nacional de Petróleo e José Serra, no ministério do Planejamento.

(Carta Maior e o confronto entre dois projetos de país; 07-10)

Nacionalismo, o divisor de águas eleitoral

Se política e eleições fossem matemáticas, acho que todos poderíamos descansar. Afinal, bastaria que um em cada 15 eleitores de Marina Silva votasse em Dilma e a eleição estaria decidida.
Mas as coisas não são assim, é há muitos danos decorrentes de termos ido ao segundo turno.
Dilma, eleita no primeiro turno, seria dona de tanta força política na composição do Governo que esta perspectiva deixou muita gente, na base aliada e na sociedade, temerosa.
A mídia, indisfarçadamente, explorou este temor.
As “ondas” de exploração política da questão religiosa e as denúncias de corrupção já são, hoje, armas usadas. Ainda produzem efeito, mas já não surpreendem. O mês de campanha vai se encarregar de dissolve-las em grande parte.
Precisamos achar o foco deste segundo turno, o elemento que vai ajudar o povo brasileiro a perceber o que está em jogo e se posicionar numa decisão.
Porque, agora, sim, é uma decisão que não se pode protelar.
E acho que temos algo diante de nós que, embora contenha a opção popular que Dilma representa, é mais ampla e mais capaz de unir.
O mesmo que fez o povo brasileiro compreender aquilo que iria escolher em 2006.
E agora, com essa imensa riqueza do pré-sal, que ganha uma evidência muito maior.
Este diferencial é o nacionalismo.
Dilma significa um Brasil independente; Serra significa o neocolonialismo.
Dilma significa que o petróleo vai deixar aqui seus frutos; Serra, a tentativa de completar a entrega que Fernando Henrique tentou e, em parte, fez.
Serra pode jurar de pés juntos que não entregará o Brasil, como Alckmin negou que pretendesse privatizar a Petrobras e o Banco do Brasil. São juras falsas e mesmo os eleitores que se deixaram levar pela ilusão no voto em Marina Silva o percebe.
Nada evidencia mais as diferenças entre Lula e Fernando Henrique, na última década e meia, que isso.
Nada diferencia mais Dilma de Serra, no futuro próximo do país, que isso.
Nada é capaz de tocar tão o fundo na nossa identidade de brasileiros, que extrapola os limites da ideologia e da classe social.
Tenho certeza de que, na sexta-feira, quando recomeçar a propaganda eleitoral, este será o eixo da campanha.
O eixo da vitória do Brasil.
*Tijolaço

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