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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Dona Marisa, a primeira dama companheira




Dona Marisa, a primeira-dama que nos oito anos do governo Lula manteve-se solidária, companheira e discreta. Um exemplo de conduta.
Marisa Letícia Lula da Silva nasceu em 7 de abril de 1950, na cidade de São Bernardo do Campo, região do ABCD, em São Paulo. Neste município cresceu, estudou, trabalhou, casou e construiu sua militância política. Casada com Luiz Inácio Lula da Silva, desde 1974, tem quatro filhos e dois netos.
Neta de italianos, Marisa Letícia é a penúltima filha do casal Antonio João Casa e Regina Rocco Casa, pais de 11 filhos.
Até os cinco anos de idade, Marisa viveu com a família no antigo sítio dos Casa, onde seu avô construiu a capela de Santo Antônio, que ainda existe. Hoje toda área chama-se bairro dos Casa, em homenagem a sua família, uma das primeiras a chegar ao local.
Em 1955, a família mudou-se para o centro de São Bernardo do Campo. A primeira escola que Marisa freqüentou era de madeira. Na terceira série, foi transferida para o Grupo Escolar Maria Iracema Munhoz. Aos nove anos, começou a trabalhar como pajem de três meninas mais novas do que ela.
Com 13 anos, empregou-se na fábrica de chocolates Dulcora. Sem carteira regular de trabalho, o pai assinou uma autorização para que Marisa pudesse trabalhar como embaladora de bombons. Permaneceu na fábrica até os 21 anos, quando engravidou do seu primeiro filho.
Em 1973, viúva e mãe de um filho do primeiro casamento, Marisa Letícia voltou a trabalhar. Desta vez, como inspetora num colégio do Estado, contratada pela Prefeitura. Neste mesmo ano, conhece Lula, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Sete meses depois se casam.
Em 1975, Lula é eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Começa também a militância política de Marisa. Sempre ao lado de Lula, incentiva outras mulheres a participarem da vida sindical no ABCD. A partir de 1978, começam as greves no ABC paulista.
Em 10 de fevereiro de 1980, o PT é fundado. A primeira bandeira foi cortada e costurada por Marisa. Militante ativa, ajudou a criar os núcleos e a estampar camisetas para arrecadar fundos para o Partido. Em abril do mesmo ano, o Governo Federal decreta intervenção no sindicato. Sem espaço para reuniões, a casa de Marisa vira palco para os encontros de sindicalistas, políticos, artistas e intelectuais. Lula e outros dirigentes sindicais são presos.
Nesse período Marisa ajudou a organizar a passeata de mulheres pela libertação dos sindicalistas. Cercada por policiais, tanques e cavalaria, centenas de mulheres e crianças saíram da Praça da Matriz, caminharam pela Rua Marechal Deodoro até o Paço Municipal e retornaram à Igreja da Matriz. Um grande ato foi realizado com a participação do então bispo de Santo André, Dom Cláudio Hummes.
Nas disputas eleitorais de 1982, 1986, 1994 e 1998, em que Lula candidatou-se, Marisa Letícia dividiu o seu tempo entre os filhos, a casa e as campanhas. Também participou das Caravanas da Cidadania que percorreram todo o País. Junto com Lula conheceu a realidade do povo brasileiro.
Mas em 2002, já com os quatro filhos adultos, a esposa do candidato Lula pôde dedicar-se exclusivamente à campanha eleitoral daquele ano. Ao lado de Lula, percorreu o País como a sua mais importante cabo eleitoral. A presença constante e marcante de Marisa ao longo da trajetória de Lula reafirmou a sua posição de primeira-companheira.
Desde 1º de janeiro de 2003, Marisa Letícia Lula da Silva é a primeira-dama do Brasil.
Em outubro de 2003, em uma das viagens internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-dama recebeu a condecoração Grã-Cruz da Ordem do Mérito Real, concedida pelo Governo da Noruega.
As atitudes de Dona Marisa ficarão registrados na história como um exemplo a ser seguido por sua participação eficiente a frente das causas sociais, sempre com discrição, grande companheira e solidária ao presidente Lula

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