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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Pedagiando você


Os pedágios no estado de São Paulo são uma imagem constante e bastante familiar. Eles marcam presença em pontos variados e cada vez mais numerosos de nossas rodovias perfeitas e bem conservadas a custo de muitas obras caras, superfaturadas e de muitos pedágios desnecessários, excessivos para não dizer de outra forma.

A questão dos pedágios e também o modelo de concessão estabelecido nas rodovias paulistas sempre é tema de discussão aqui no Educação Política. São os aspectos mais visíveis de um tipo de política conservadora e marcadamente liberal que, cada vez mais, faz com que o cidadão tenha que pagar caro por serviços que deveriam ser garantidos pelo estado e não por empresas privadas que lucram sozinhas.

Eu, reles blogueiro, especialista em nada, estive durante esta semana, visitando amigos e parentes em Ribeirão Preto – SP, trouxe algumas impressões “técnicas” – que insisto em compartilhar com os leitores deste blog.
Começo esclarecendo que a distância que separa a Capital de S.Paulo, de Ribeirão Preto, são somente, 310 kms. Curiosamente, dentro deste percurso, o motorista paga nada menos, que oito pedágios – ou seja: a cada 38,7kms, você paga um novo pedágio, não tendo tempo sequer tempo de engatar uma 5ª marcha no seu automóvel.
Fechadas as contas, feitas as comparações, ficamos assim:
De São Paulo à Ribeirão Preto, pela Rodovia Bandeirantes/Anhanguera (Estaduais): 16 pedágios (ida e volta) para 620 km. A concessionária (leia-se tucanos)- mordeu uma grana considerável (R$ 87,20). Paguei R$ 0,1406/km), para transitar pelas estradas, uma grana que dava para colocar 50 litros de etanol no tanque, suficientes para rodar 600km – quase o percurso até Ribeirão.
Fui para Belo Horizonte recentemente, pela Rodovia Fernão Dias (Federal), 16 pedágios – 600 kms de distância (1.200kms ida e volta) – valor: R$ 1,10/cada – ou seja, paguei ida e volta, a bagatela de R$ 17,60 – ou R$ 0,01466/Km – uma diferença gritante em relação às rodovias paulistas – sem buracos, pistas excelentes, bem sinalizadas, sem ondulações. Qual o milagre????
O comparativo entre valores de pedágios nas rodovias federais, com os pedágios da Anhanguera/Bandeirantes – fica assim:
* 16 pedágios – Anhanguera/Bandeirantes – (620Kms) = R$ 87,20 (média: R$ 5,45/cada);
* 16 pedágios – Fernão Dias – (1.200kms) = R$ 17,60 (média: R$ 1,10);
* Diferença percentual entre um e outro: 395,45% a mais na Anhanguera/Bandeirantes. (Texto Completo)

*educaçãopolítica

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