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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 06, 2011

PETRAS: A CORTE PENAL NÃO É INTERNACIONAL, É SIMPLESMENTE UM BRAÇO DA OTAN, UM BRAÇO DOS PAÍSES IMPERIALISTAS


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James Petras*
Começamos com a notícia de que a Corte Penal Internacional, auto-intitulada internacional, deu ordem de prisão contra Gadhafi supostamente por crimes contra a humanidade. Essa deve ser uma das ocasiões mais raras da história, onde um líder que defende seu país contra países beligerantes que estão bombardeando e destruindo seu país está acusado de cometer crimes contra a humanidade.
Isso me parece muito importante de destacar porque a Corte Penal não é internacional, é simplesmente um braço da OTAN, um braço dos países imperialistas.
E o caso atual é o mais grave, porque é uma guerra contínua agora, é a destruição por parte dos partidários da Corte Penal. Estão destruindo o país e em vez de condenar aos presidentes Obama, Sarkozy, o primeiro Ministro Cameron e os demais, estão condenando às vítimas, ao próprio presidente Gadaffi. Isso me parece estar desprestigiando totalmente esta Corte Penal. Tem antecedentes, como por exemplo quando condenaram Milosevic -o presidente da Iugoslávia- depois de 60 dias de bombardeios. Isto é condenar outra vez a vítima.
Essa Corte Penal não é internacional. Não desempenha nenhuma justiça .É simplesmente um braço jurídico do imperialismo ocidental. E agora, utilizam este instrumento para tratar de criminalizar uma luta de libertação nacional contra uma invasão imperialista.
Essa é a primeira coisa que devo enfatizar, porque se é verdadeiramente uma Corte Penal Internacional deve condenar os invasores, as forças aéreas que estão destruindo a Líbia.
O mesmo podemos dizer sobre Israel. Pois agora há vários barcos que estão se preparando para levar remédios, alimentos e outras mercadorias vitais para Gaza. Israel tem por política atacar e bloquear qualquer ajuda humanitária que vem de parte dos voluntários do mundo, parlamentares, profissionais, sindicalistas, que formam parte desta flotilha de ajuda humanitária a Gaza.
A atitude de Israel é uma violação de todas as normas internacionais porque tem um bloqueio contra 1.5 milhões de pessoas. Não permitem que entrem remédios, comida e outras mercadorias essenciais. Então, se a Corte realmente funcionasse como um instrumento de justiça deveria por em julgamento Israel porque não permite nenhuma ajuda humanitária. Em troca, os israelitas estão preparando outra vez um assalto militar contra esta flotilha de humanitários desarmados, pacifistas, como fez há dois anos quando mataram nove pessoas envolvidas neste programa de ajuda.
Enquanto, aqui nos Estados Unidos, a Casa Branca em vez de condenar as agressões e violações de Israel, contra a humanidade. E como disse Hillary Clinton, chanceler estadunidense, que está pensando em aplicar a lei antiterrorista contra os participantes deste ato humanitário, porque –segundo ela - estão ajudando ao Hamas, e o Hamas é uma organização terrorista. Então Hillary Clinton quer defender o terrorismo israelita que viola os direitos internacionais em vez de condená-lo.
Comentários para CX36 Radio Centenário do sociólogo norte-americano, Prof. James Petras desde Nova York-Estados Unidos. Segunda-feira 27 de junho de 2011.

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