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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, novembro 25, 2011

Metade nos EUA apoiaria ação militar contra o Irã, mostra pesquisa

Conheceram-me logo por quem eu não era, e não desmenti, então perdi-me. Quando quis tirar tirar a máscara ela estava colada a minha cara. (Fernando Pessoa)

Os estadunidenses passaram décadas apavorados com a "ameaça comunista", agora se borram com os árabes. Entraram na pataquada do Free Kwait, de Kosovo, ficaram muito preocupados com as tais "armas de destruição em massa" de Saddam Hussein, perderam o sono com o perigoso Osama Bin Laden, ficaram sensibilizados com o "sofrido povo líbio"... e por aí vai. Parece que aquela frase de Joseph Pulitzer: "Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma" já se aplica na prática, nos EUA. A maior parte do povo estadunidense se deixa levar pelos interesses do grande capital e da industria bélica assassina de seu país. A consciência dessa gente parece envenenada de forma irreversível, pouco importa o desmascaramento de farsas como a invasão do Iraque. A maior parcela do povo dos EUA seguirá pensando de acordo com Rupert Murdoch e sua gangue. Assim como o povo alemão (a maior parte, mas não todos) aceitaram a barbárie nazista, o povo estadunidense está pronto a aceitar uma nova aventura militar capitaneada por seu país, mesmo que essa aventura descambe na terceira guerra mundial. Depois será tarde para chorar. O que nos resta é ter vagas esperanças em movimentos como o Occupy Wall Street, que mostram que ainda existe vida inteligente nos EUA.  



Uma pesquisa elaborada pela Universidade de Quinnipiac, nos Estados Unidos, aponta que 50% dos norte-americanos apoiariam um ataque militar contra o Irã se não funcionarem as sanções impostas ao país por seu programa nuclear, enquanto 38% se mostraram contrários a essa possibilidade.


Além disso, 88% dos consultados acreditam que o programa nuclear do Irã é uma ameaça "grave" ou "muito grave" para a segurança dos EUA, segundo a pesquisa, que foi realizada entre os dias 14 e 20 de novembro, com entrevistas a 2.522 pessoas e uma margem de erro de 1,9 pontos percentuais.



Se Israel atacar o Irã, 46% dos entrevistados consideram que os EUA deveriam apoiar seu aliado, enquanto 44% defendem a neutralidade e 6% pensam que seria preciso se opor a essa ação. "Os norte-americanos estão muito preocupados pelo desenvolvimento do programa nuclear do Irã e não acreditam que a atual política de sanções econômicas seja efetiva", afirmou Peter Brown, diretor assistente do Instituto de Pesquisas da Universidade de Quinnipiac.



Na segunda-feira passada, o governo dos EUA aumentou a pressão contra o sistema bancário do Irã ao declarar o país "jurisdição de preocupação prioritária por lavagem de dinheiro", e anunciou novas sanções contra os setores nuclear e petroquímico. A tese norte-americana que o programa nuclear do Irã tem alvos militares encobertos, rejeitada por Teerã, foi respaldada pelo relatório apresentado este mês pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).



Reino Unido e Canadá também anunciaram na segunda-feira novas sanções financeiras contra o Irã, e a União Europeia prepara outras, enquanto a Rússia considera que estas medidas não são legais e complicam qualquer esforço para entabular conversas com Teerã em matéria nuclear.



O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, reiterou hoje em um ato público em Teerã que seu país já dispõe de tecnologia nuclear, que "não retrocederá" na pesquisa e que o objetivo é o uso exclusivamente civil dessa energia.



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