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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 24, 2011

SP foi o estado que menos investiu em segurança, diz entidade


O estado de São Paulo diminuiu em 27% seus gastos com segurança pública de 2009 para 2010. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foi o estado que mais reduziu as despesas no setor, chegando a um corte de R$ 2,7 bilhões.

Já o governo federal teve aumento significativo nas despesas com segurança pública, com 33%, e atingiu R$ 9,7 bilhões de gastos com o setor em 2010.

A entidade civil divulgou hoje (23) um relatório sobre o tema como gastos com segurança pública, taxa de homicídios, ocorrências criminais, efetivos policiais e presos provisórios no país.

O Fórum utilizou dados repassados pela Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda, como fonte para o estudo. Dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Secretarias de Segurança dos Estados, Sistema Único de Saúde (SUS) também foram levantados e cruzados.

O segundo estado que mais reduziu os gastos com segurança, segundo o relatório, foi o Rio Grande do Norte (queda de 8%), que teve aumento de 34% nos crimes violentos letais intencionais (homicídio doloso, latrocínio e lesão corporal seguida de morte). Também tiveram queda nos gastos com segurança Amapá (-2,42%), Santa Catarina (-2,05%) e Mato Grosso do Sul (-1,14%). Já São Paulo, teve queda de 5,65% na taxa de crimes violentos letais intencionais.

Quem mais investiu

Sergipe foi o estado que mais aumentou seus gastos com segurança pública entre 2009 e 2010, elevando despesas em 48%. Mas também apresentou aumento significativo nos crimes violentos (30,11%).

Proporcionalmente, o levantamento aponta Minas Gerais e Alagoas como os que mais gastam com segurança – o setor respondeu por 13,4% dos gastos totais destes estados em 2010. Distrito Federal, Piauí e São Paulo são os que menos gastam proporcionalmente – 2,3%, 5,2% e 5,5% dos gastos totais, respectivamente.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) nega que tenha ocorrido uma queda e contesta os dados. Segundo a SSP, o estado gastou cerca de R$ 10,8 bilhões em segurança em 2010, e não R$ 7,3 bilhões como consta no relatório.

A entidade alertou que alguns estados têm baixa cobertura de dados sobre violência e por isso suas informações são menos confiáveis, como Rio Grande do Norte, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Roraima e Santa Catarina; esta última apresentou apenas 31,7% dos dados.

Outra dificuldade enfrentada para realizar o trabalho foi que muitos estados têm dados pouco confiáveis, mesmo tendo apresentado as informações. Por isso, classificou os estados por grupos de confiabilidade:

No grupo 1, mais confiável, estão: Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

No grupo 2, de confiabilidade média, estão Alagoas e Pernambuco. E no grupo 3, menos confiável, estão: Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.

Gastos com Segurança Pública
UF20092010Variação (%)
Sergipe475.423.754,64705.346.013,3448,36
Distrito Federal214.460.778,12283.451.453,6832,17
Tocantins339.417.325,64425.457.355,1625,35
Rio Grande do Sul2.194.108.378,752.625.354.406,6819,65
Pernambuco1.366.551.692,981.594.131.173,8616,65
Paraná1.201.863.636,731.399.063.475,4916,41
Maranhão678.851.059,57784.936.224,9215,63
Roraima126.959.188,15146.594.720,2215,47
Rondônia566.115.588,61634.200.262,4512,03
Piauí264.975.406,90292.002.220,2010,2
Amazonas634.424.611,26697.917.979,8010,01
Espírito Santo699.767.868,66768.751.861,489,86
Pará941.012.735,941.031.278.009,789,59
Ceará887.921.249,87957.917.628,537,88
Goiás1.089.427.477,951.174.130.154,217,77
Mato Grosso857.495.404,81915.993.100,826,82
Rio de Janeiro3.710.870.803,043.914.563.860,115,49
Minas Gerais5.619.757.915,365.910.294.064,205,17
Alagoas718.569.877,80744.119.416,113,56
Paraíba562.554.659,07576.647.165,112,51
Bahia1.953.116.459,911.962.468.345,870,48
Acre278.382.734,83279.385.016,850,36
Mato Grosso do Sul644.870.906,20637.523.717,75-1,14
Santa Catarina1.380.671.230,681.352.343.569,14-2,05
Amapá250.515.510,01244.464.872,90-2,42
Rio Grande do Norte566.275.098,61521.111.782,56-7,98
São Paulo10.117.372.430,077.323.458.381,45-27,62
União7.286.639.000,009.728.282.480,8033,51
Total45.628.372.784,1647.631.188.713,474,39


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