Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 24, 2011

Vieram até no meu Twitter desejar que minha família morresse

Neta de Lula diz que ex-presidente a alertou sobre ‘preço da fama’

No elenco da peça ‘A megera domada’, Bia da Silva, de 16 anos, ficou nervosa com ofensas na internet e conta que seu avô telefonou para tentar acalmá-la

A atriz Bia Lula da Silva com o figurino da peça 'A megera domada', ao lado do produtor e ator Oddone Monteiro Foto: Divulgação
A atriz Bia Lula da Silva com o figurino da peça 'A megera domada', ao lado do produtor e ator Oddone Monteiro Divulgação
RIO - Quando a adolescente Bia aceitou o convite para o elenco da peça “A megera domada”, a notícia circulou pela web como um viral, gerando milhares de comentários. Foi uma repercussão incomum para uma atriz estreante, de 16 anos, que antes disso nunca nem tinha pensando em atuar. Mas Bia Lula da Silva é neta do ex-presidente do Brasil, e por isso a sua estreia no palco, nesta sexta-feira, no Teatro João Caetano, está cercada de expectativa.
Bia leu tudo o que foi escrito sobre ela na internet nos últimos meses, inclusive os comentários das matérias. E diz que ficou surpresa com a quantidade de xingamentos que recebeu. Depois de ver um vídeo bastante ofensivo, pensou até em desistir, mas teve apoio da família e se manteve firme. A atriz conta que o próprio Lula procurou confortá-la.
- Quando contei para meu avô sobre a peça, no começo do ano, ele ficou preocupado, já que eu não estava acostumada com esse assédio todo. Fiquei nervosa, porque não sabia que as pessoas podiam ser tão más. Vieram até no meu Twitter desejar que minha família morresse. Um dia, meu avô me ligou, para me acalmar. Lembro que ele disse que “esse é o preço da fama”. Meu avô sempre me ajudou - diz Bia. - Eu só não desisti porque minha família me apoiou, e porque estou gostando muito de fazer a peça. É minha vida, e os outros não têm nada a ver com isso.
“A megera domada” é um clássico de William Shakespeare, que chega ao João Caetano com adaptação de Walcyr Carrasco e direção de Renato Carrera. A produção é de Oddone Monteiro. No espetáculo, Bia interpreta Bianca, uma das duas filhas de um rico mercador. Enquanto a irmã de Bianca, Catarina, tem um gênio terrível, a personagem de Bia é bondosa e tem vários pretendentes a noivo. A neta de Lula está empolgada com o papel, mas diz que o avô, que está se tratando de um câncer na laringe, não estará presente na noite de estreia.
- Meu avô está bem, mas está se recuperando, e não pode ir na peça. Mas disse que vai lá me ver quando puder - explica a nova atriz.
Bia fez balé durante anos, e vem tendo aulas de teatro desde que aceitou o desafio da peça. Ela mora em São Paulo, mas veio para o Rio ensaiar o espetáculo diversas vezes, sempre nos fins de semana, para não se atrasar na escola.
- Estou nervosa, mas o elenco da peça me ajudou muito e acho que vai dar tudo certo.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/megazine/neta-de-lula-diz-que-ex-presidente-alertou-sobre-preco-da-fama-3304765#ixzz1eZM77ThU
© 1996 - 2011. Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

Nenhum comentário:

Postar um comentário