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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 30, 2011

Convênio com Controlar quebrou sigilo de milhões, segundo MPE



Isso é o tipo de notícia que só é publicada uma vez.Os brucutus do PiG, tão ligeiro para investigar os aloprados do PT, como ocorreu na suposta quebra de sigilo de Serra e Eduardo Jorge, não movem uma palha para aprofundamento da questão.

Em nova ofensiva do Ministério Público Estadual, a empresa Controlar, contratada pela Prefeitura para realizar a inspeção veicular em São Paulo, é acusada de usar dados sigilosos de milhões de proprietários de veículos.


Segundo o MPE, a inspeção veicular na cidade é feita por um esquema fraudulento, engendrado inclusive pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD), que teve os bens bloqueados na última semana. O secretário municipal do Verde, Eduardo Jorge, 13 empresários e seis empresas também estão envolvidos no processo.


Segundo a investigação do MPE, veiculada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a Controlar tem acesso a dados sigilosos dos donos dos veículos, como telefones, endereço e CPF. O órgão afirma que o Detran alterou o convênio original de 2003, que permitia à empresa ter acesso a dados, desde que o sigilo fosse mantido. Mas, com a alteração, solicitação foi cancelada e a empresa conveniada pôde repassar os dados para terceirizadas.


Para o MPE, dados sigilosos não poderiam ser utilizados por empresa particular. Além disso, a modificação no convênio foi assinada por um delegado do Detran. A decisão caberia ao diretor do Departamento.


Sem o cruzamento dos dados, a prefeitura não teria meios para aplicar multas em proprietários que não realizaram a inspeção e a Controlar não teria como saber quais donos fizeram a inspeção e impedir seu licenciamento. O valor da causa é de 1,05 bilhão de reais. A ação pede a suspensão da inspeção veicular em São Paulo, a devolução de multas e indenização por danos morais aos donos de veículos.CartaCapital

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