Racismo pode virar crime hediondo na lei brasileira
Agência Brasil
Brasília
– O racismo e o tratamento de trabalhadores como escravos podem entrar
para a lista dos crimes chamados hediondos. É o que decidiu a comissão
de juristas responsável por elaborar o novo Código Penal brasileiro em
reunião realizada hoje (11).
A
comissão também inseriu na lista de crimes hediondos - que hoje tem o
homicídio e estupro, por exemplo - o financiamento do tráfico e os
crimes contra a humanidade. Todas as sugestões aprovadas pela comissão
serão compiladas em um anteprojeto que ficará pronto no dia 25 de junho.
O texto será usado como base para votação do novo Código Penal, no
Congresso.
Se por
um lado os juristas tornaram mais rigorosas as punições para crimes
violentos ou para os motivadores de outros delitos – como a receptação
de roubo, cuja pena máxima passou de quatro para cinco anos - a comissão
também deu tratamento mais leve para crimes de menor ofensividade.
“Diversas figuras de descarcerização foram pensadas, o que se chama hoje
de justiça restaurativa. Se a pessoa reparou o dano integralmente, ela
obterá a extinção da punibilidade”, explica o relator da comissão, o
procurador da República Luiz Carlos Gonçalves.
Um dos
exemplos dessa "relativização" é o caso de roubo, crime que atualmente
prevê pena de quatro a dez anos de prisão e multa, com possibilidade de
agravantes. Segundo o texto aprovado pela comissão, a pena para o
“encontrão” - quando o ladrão esbarra na vítima e pega sua carteira –
pode ser mais leve. Por outro lado, a invasão de residência passa a ser
um crime mais grave, assim como já é o roubo com uso de arma e com a
participação de mais de uma pessoa.
A comissão também endureceu o tratamento dos maus-tratos contra pessoas. “Já havíamos feito isso em relação aos animais. O ser humano é animal também, não faria o menor sentido que a pena dos maus-tratos dos humanos fosse inferior, e não será mais”, disse Gonçalves. De acordo com o anteprojeto, o crime de maus tratos pode dar pena até cinco anos, com possibilidade de agravantes.
A comissão também endureceu o tratamento dos maus-tratos contra pessoas. “Já havíamos feito isso em relação aos animais. O ser humano é animal também, não faria o menor sentido que a pena dos maus-tratos dos humanos fosse inferior, e não será mais”, disse Gonçalves. De acordo com o anteprojeto, o crime de maus tratos pode dar pena até cinco anos, com possibilidade de agravantes.
Esse foi
o último encontro oficial da comissão, mas os juristas ainda se
reunirão durante a semana para tratar de assuntos residuais, como o
crime de rixa. O
grupo também decidirá se a delação premiada beneficiará apenas os
sequestradores, que podem ficar livres se colaborarem com as autoridades. Segundo Gonçalves, a ideia é que o benefício seja aplicado aos crimes em geral, como já é previsto na legislação atual.
A
comissão responsável pelo anteprojeto do novo Código Penal foi formada
no Senado em outubro do ano passado e, desde então, os juristas vêm se
encontrando periodicamente para rediscutir o texto atual, que é de 1940.
A ideia era que os trabalhos terminassem em maio, mas foi necessário
mais um mês para a conclusão dos debates. O anteprojeto tramitará no
Legislativo como um projeto de lei comum, que poderá ser alterado pelos
parlamentares e pela Presidência da República.
*Mariadapenhaneles
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