Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, março 03, 2013

Documentário quer ser contraponto às comemorações de 50 anos do golpe



“1964: Um golpe contra o Brasil”, de Alípio Freire, será lançado neste sábado com a proposta de se difundir por escolas, cursinhos e Universidades de todo país
 O que pretendiam os estadunidenses e a elite brasileira com o golpe militar? Isso é o que busca explicitar o documentário “1964 – Um golpe contra o Brasil”, do diretor Alípio Freire, que será lançado neste sábado (02), às 14h, no Memorial da Resistência de São Paulo, na capital paulista. Após a exibição gratuita, haverá debate com o diretor.
O documentário aborda o período desde a eleição do presidente Jânio Quadros, em 1961, até a posse do militar Castelo Branco, em 1964. Segundo o diretor, em declaração no vídeo promocional da obra, o documentário é uma ferramenta para que jovens possam compreender as razões da resistência.
“Esse filme surge de uma decisão do Núcleo de Preservação da Memória Política. Uma vez que no próximo ano completam 50 anos do golpe civil-militar de 1964. E nós percebemos que os jovens - quando eu falo jovens são aqueles com menos de 50 anos - não conhecem a história.”
Alípio Freire ficou preso entre os anos de 1969 a 1974 por conta da oposição à ditadura civil-militar (1964-1985).
O documentário “1964 – Um golpe contra o Brasil” será amplamente divulgado em escolas, cursinhos e Universidades de todo país. Já estão previstas exibições em Salvador (BA) e nas cidades do interior paulista Campinas, Ribeirão Preto e São Bernardo. Também devem exibir o documentário Argentina, Chile e França.
O filme é uma parceria do Núcleo de Preservação da Memória com a TVT - TV dos Trabalhadores. Conta com o apoio do Memorial da Resistência e da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. O Memorial fica no Largo General Osório, 66, bairro da Luz.
*Cappacete

Nenhum comentário:

Postar um comentário