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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 26, 2014


BARRAGEM RIO JUNDIAÍ, Alto TietêBARRAGEM RIO JUNDIAÍ, Alto Tietê
É muito grave a atual situação de crise de abastecimento de água nos municípios da região metropolitana de São Paulo e é ainda mais grave a atitude irresponsável do governador do estado, Geraldo Alckmin (PSDB), frente a essa crise. O volume morto do reservatório Cantareira vem sendo utilizado há meses e agora o mesmo volume de outro reservatório, o Alto Tietê, também poderá ser utilizado.
Mesmo negando, o governo do estado aplica um racionamento velado suspendendo o fornecimento de água durante o período noturno em vários bairros da capital. Evidentemente que os bairros mais pobres são os principais afetados por esse racionamento que é realizado através do fechamento momentâneo de partes do sistema que bombeia o fluxo de água.
Os funcionários da Sabesp que cumprem a tarefa diária de realizar a manutenção das redes de água e esgoto, enfrentando o frio e o sol todos os dias em um trabalho desgastante, são cobrados pela população por essa crise sem, no entanto, terem qualquer responsabilidade. As decisões políticas do governador do Estado de transformar o fornecimento de água em um negócio lucrativo para empreiteiras terceirizadas e investidores da bolsa são as únicas responsáveis por essa situação. Soma-se a isso o interesse eleitoral do PSDB de não realizar o racionamento de forma transparente em um ano de eleição.
Colocar em risco o fornecimento de água em uma metrópole com mais de 20 milhões de habitantes é na verdade um grande crime. Atualmente, o nível do reservatório cantareira está em menos de 17% e o do Alto Tietê em 22%, seguramente, os menores níveis de reserva de água da história. É preciso que a população se mobilize para responder a essa situação e exija intervenção pública dos órgãos responsáveis para impedir que os reservatórios sequem e a crise da água se aprofunde em São Paulo.
Redação São Paulo
*Averdade

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