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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 19, 2014



Quatro PMs são presos por agressões em manifestação contra a Copa

Policiais vão responder a três inquéritos abertos pela corporação e permanecerão no Batalhão de Policiamento de Grandes Eventos

FRANCISCO EDSON ALVES
Rio - Quatro policiais militares acusados de praticarem agressões contra jornalistas e manifestantes durante manifestação contra a Copa do Mundo no domingo, na Praça Saens Peña, na Tijuca, tiveram a prisão administrativa decretada pelo comando da corporação no fim da tarde desta terça-feira. Eles vão responder a três IPMs (Inquérito Policial-Militar) abertos para apurar a conduta deles durante o protesto.
Os policiais já receberam determinação para se apresentarem ao Batalhão de Policiamento de Grandes Eventos, onde permanecerão presos por ordem do comandante da unidade. 
Os PMs identificados são: soldado Carlos Henrique Ferreira, acusado de agressão ao cinegrafista canadense Jason O'Hara; soldado Cristiano Ximenes, suspeito de roubo de câmera do mesmo; soldado Jair Portilho Júnior, acusado de agressão a um repórter fotográfico, e soldado Rogério Costa de Oliveira, acusado de agressão a um manifestante. Ele aparece em um vídeo feito por cinegrafista amador chutando uma jovem duas vezes e sendo contido por colegas.
Soldado Cristiano Ximenes é suspeito de roubar câmera de cineasta canadense, segundo a Polícia Militar
Foto:  Reprodução Facebook
“O Comando da Polícia Militar esclarece que repudia atos de violência praticados por policiais militares, conforme revelados nas imagens de cinegrafistas amadores”, diz trecho de nota emitida pela PM. A Corregedoria da PM abriu também uma sindicância para apurar a denúncia de que um policial teria assediado uma manifestante. A denúncia também tem base em um vídeo feito por cinegrafista amador.
Imagem mostra PM roubando a câmera instalada no capacete do cineasta canadense, que filmava protesto
Foto:  Reprodução/Facebook
Cineasta já fez filme sobre UPP e diz estar decepcionado com a polícia
O vídeo em que o cineasta canadense Jason O’Hara, de 35 anos, aparece sendo agredido por um PM com um chute e roubado pelos militares, durante protesto contra a Copa do Mundo, no domingo, foi divulgado nas redes sociais, nesta segunda-feira, e motivou a investigações da corporação sobre as arbitrariedades dos policiais na manifestação.
Cineasta canadense, Jason Ohara, foi atendido por voluntários após agressão de policial militar
Foto:  Severino Silva / Agência O Dia
Jason, que usava capacete na hora da agressão, disse estar decepcionado com a PM. Ele relatou que foi agredido a pontapés por cinco ou seis policiais, antes da agressão com um chute.
“Essas imagens estavam num cartão, roubado por um PM junto com a minha câmera GoPro, que era acoplada no meu capacete. Fui agredido e roubado pela Polícia Militar. Ridículo, né?”, desabafou, mostrando ferimento na perna direita, que atingiu até o osso, e causado, conforme ele, por chute.
Jason já produziu documentários de causas sociais em 20 países e é autor de ‘Ritmos de Resistência’, exibido no Festival de Cinema do Rio, sobre impactos das Unidades de Polícia Pacificadora. Atualmente, produz filme sobre remoções supostamente forçadas para as obras do Mundial e das Olimpíadas 2016.
Segundo o Sindicato dos Jornalistas do Rio, outros 15 profissionais de imprensa foram feridos. Em outro vídeo, feito com um celular no domingo, PMs aparecem, em meio a gritos e muita confusão, usando spray de pimenta e correndo atrás de pessoas dentro da Estação do Metrô da Saens Peña.
Vídeo:  Cineasta é agredido e roubado por PMs durante protesto




    *ODIA

    *FlaviaLeitao

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