Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 18, 2014


Nutricionistas defendem a semente de cânhamo, usada por Yasmin Brunet

Especialistas dizem que ela não tem a substância psicoativa da maconha e que é altamente nutritivas. Legislação proíbe importação.

Eliane Santosdo EGO, no Rio
Yasmin Bruent (Foto: Reprodução/Instagram)Yasmin Brunet (Foto: Reprodução/Instagram) pegou muita gente de surpresa ao declarar que faz uso de sementes de maconha em sua dieta.“Uso como se fosse uma semente de chia, misturo com frutas ou iogurte. Adoro! Não consigo entender por que não legalizam aqui”, disse ela nos bastidores do desfileda estilista Lethicia Bronstein à coluna "Gente Boa", do jornal "O Globo", e contando ainda que conheceu o produto nos Estados Unidos, onde ele é vendido livremente.

Depois, Yasmin veio a público, através de sua conta noTwitter, explicar como fazia tal uso e que ele não tinha nada a ver com o efeito psicoativo da maconha, proveniente do THC, principal componente da planta e responsável por seus efeitos alucinógenos.
"Gente, queria esclarecer uma coisa: a semente de maconha que eu como é a semente de cânhamo ou hemp ou maconha. É a semente própria para comer. Ela tem milhões de benefícios, muita proteína, óleos. Lógico que muita gente gosta de aumentar, mas é isso. Infelizmente, não vende no Brasil, não sei por quê. Mas vale a pena trazer porque faz superbem”, escreveu.

“O que se usa na
 alimentação é o cânhamo, que acaba levando uma má reputação por causa de sua associação com a maconha. A confusão entre os dois surge do fato de que ambos provêm da espécie cannabis sativa, porém o cânhamo é geralmente colhido de uma subespécie da cannabis, e não tem propriedades psicoativas. O cânhamo é cultivado devido ao seu valor nutricional e são utilizados suas sementes, óleo e fibra”, explicou Patrícia, que atende famosas como Fátima Bernardes, Fernanda Souza e Tania Khalill.EGO conversou com alguns nutricionistas para saber mais a respeito da tal dieta e de seus possíveis benefícios. A resposta é que Yasmin está certa e antenada ao fazer uso das tais sementes de cânhamo, como esclarece a nutricionista Patrícia Davidson Haiat, que é pós-graduada em nutrição clínica funcional e fitoterapia pela UNIB/VP e diplomada pelo Institute for Functional Medicine, dos Estados Unidos.
Fabiano Serfaty, endocrinologista (Foto: Reprodução/Reprodução)Fabiano Serfaty, endocrinologista: "Não é droga"
Cânhamo faz bem ao coração
O endocrinologista e professor do Instituto Estadual de Diabetes Fabiano Serfaty – que tem entre suas clientes Fernanda Paes Leme e Renata Dominguez - também defende.
“As sementes de cânhamo contêm todos os aminoácidos essenciais, sendo portanto uma ótima fonte de proteínas, uma boa opção, por exemplo, para veganos. Como outras sementes, as de cânhamo apresentam uma quantidade substancial de ácidos graxos ômega-3, saudáveis para o coração. A semente do cânhamo não é uma droga! Pelo contrário. É uma semente que  apresenta 2% de carboidratos, 73% de gorduras e 25% de proteínas, portanto um alimento de ótimo valor nutritivo e baixa quantidade de  carboidratos, ou seja, mais uma opção de dieta saudável”, explicou Serfaty ao EGO.

Outra que também entra no coro dos benefícios das sementes de cânhamo é a nutricionistaAndrea Santa Rosa, que atende as atrizes Juliana Paes e Cleo Pires. “É um alimento muito indicado para os vegetarianos, pela quantidade de proteína que contém, além da composição de aminoácidos. Não tem nada a ver com alucinógeno. Tem uma composição nutricional rica e é prática, já que pode ser consumido através de leite, óleos e sementes, em qualquer horário”, disse ela.
Patrícia Davidson (Foto: Reprodução/Instagram)Patrícia Davidson: cânhamo é melhor que soja
Cânhamo melhor que soja
O cânhamo ainda tem outra vantagem para os vegetarianos que costumam fazer uso da soja para compensar a falta de proteína obtida na carne. Segundo a nutricionista Patrícia Davidson, ele não contém ácido fítico, que impede a absolvição de minerais:

“Ao contrário da soja, que tem quantidades elevadas de ácido fítico (que é um antinutriente que nos impede de absorver minerais), as sementes de cânhamo estão livres dele, portanto, seu aproveitamento pelo organismo é melhor”.

E o cânhamo pode ser encarado como segredo debeleza, como também declarou Yasmin? “Sim. É uma fonte rica em fitonutrientes, que é o que traz proteção às plantas e, na saúde humana, oferecem  benefícios que protegem a imunidade, qualidade do sangue, tecidos, células, pele, órgãos e mitocôndrias”, atesta Patrícia Davidson.
Legislação brasileira proíbe a importação
Apesar de ser festejada por nutricionistas, pela legislação brasileira ainda há controvérsias sobre o uso do cânhamo. De acordo com a Lei sobre drogas no Brasil que remete à Portaria nº 344-SVS/MS da ANVISA, de 12/05/1998, a cannabis sativa e, portanto, o cânhamo, é proscrito (proibido) no Brasil por encontrar-se na “Lista de plantas proscritas que podem originar substâncias entorpecentes e/ou psicotrópicas” (Lista E)  da referida portaria.
EGO entrou em contato com a Polícia Federal para saber se não seria possível importar as sementes de cânhamo, uma vez que as mesmas não tem efeito psicoativo. De acordo com o órgão, o Brasil não possui uma legislação que regulamenta a quantidade de THC nesses suprodutos da cannabis, o que levaria cada caso a ser analisado isoladamente.
"O cânhamo é uma das denominações populares da cannabis sativa. Mas esta denominação também é aplicada a fibra, sementes, óleo, cera, resina, cordas, tecidos, papel e etc, obtidos a partir desta planta. Diversos países possuem legislação específica que regulamenta a quantidade de THC máxima permitida nestes produtos. Há  decisões na Justiça que divergem desse entendimento, razão pela qual cada caso deve ser analisado isoladamente", informou a Polícia Federal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário