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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 23, 2014

O fim da civilização ocidental está próximo: por que a NASA está sendo chamada de comunista




terra

A civilização ocidental está à beira do colapso e só há duas saídas: a preservação da natureza e políticas para reduzir a desigualdade social.
Sem muita novidade, certo? A não ser o fato de que essa é a conclusão de um novo estudo da NASA que analisou o fim de outras civilizações, como os romanos e o povos da Mesopotâmia — que também não viram sua própria extinção chegar.
“Duas características importantes aparecem em todas as sociedades que entraram em colapso”, diz o documento. “O esgotamento de recursos naturais e a estratificação econômica da sociedade entre elites e massas”.
Numa prova de que a histeria ultradireitista é moda não apenas no Brasil, a NASA já está sendo classificada de comunista por uma vastidão de paranóicos. “Para além de qualquer coisa, esse levantamento prova que precisamos ficar atentos à implantação do socialismo nos Estados Unidos”, escreveu Suzanne Hamme do site Freedom Outpost. Para uma líder de um grupo de evangélicos fundamentalistas, “a cada dia que passa nosso Caro Líder se parece menos e menos com um progressista ingênuo e mais como alguém determinado a destruir nosso país”.
Para a NASA, em sociedades desiguais, “é difícil evitar o colapso. Elites crescem e consomem muito, resultando em fome entre populações pobres”. Como a classe trabalhadora tem recursos limitados, os ricos, isolados do problema, continuam a consumir de forma desigual, “agravando o problema”.
Os pesquisadores usaram uma fórmula para chegar a suas conclusões. Ela leva em conta fatores como taxas de natalidade e renda para criar uma equação matemática. Para quem acha que nós somos imunes ao que destruiu Roma, uma breve observação do que aconteceu ali demonstra como “sociedades complexas e poderosas são suscetíveis a entrar em colapso”.
Qual a salvação? O fim pode ser evitado se a população chegar a um estado de equilíbrio, se a taxa de esgotamento da natureza for reduzida a um nível sustentável e se os recursos forem distribuídos de forma equitativa.
Como apontou o jornal Guardian, as conclusões a que a agência espacial chegou devem servir como um alerta para que governos, corporações e consumidores reconheçam que fazer as coisas como sempre não é uma atitude sustentável e que mudanças estruturais são urgentes.
O fim está próximo. E nem o pessoal da Marcha da Família vai se salvar porque Deus está ocupado com Marina Silva.
Sobre o Autor
Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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