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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 02, 2014

Esse vídeo de lavradores de cacau experimentando chocolate pela primeira vez vai te emocionar

Publicado em 30.07.2014
chocolate
“Nós reclamamos porque cultivar cacau é trabalho duro. Agora nós desfrutamos do resultado. E que privilégio que é experimentar”.
Quem falou isso foi um trabalhador da Costa do Marfim que produz o principal ingrediente do chocolate, mas que nunca havia sequer colocado um pedaço do doce na boca.
A Costa do Marfim tem uma produção de cerca de 1,6 milhões de toneladas de cacau por ano – é o maior exportador do mundo. Esses números dão uma ideia de quantas pessoas estão envolvidas em tal empreitada. Mas, sendo o chocolate um alimento tão popular, não é de se surpreender que existam tantos trabalhadores dedicados ao cultivo do cacau.
O que é surpreendente, no entanto, é saber que, enquanto eu e você provavelmente comemos chocolate nos últimos dias, essas pessoas, que permitem que o produto seja fabricado e chegue até nós, nunca sequer o experimentaram.
O vídeo abaixo mostra a história de alguns pequenos lavradores do país africano que possuem cultivo próprio de cacau, como o Alfonse. A filmagem foi feita por um coletivo global de jovens cineastas e produtores de TV, chamado Metropolis.

O vídeo só possui legenda em inglês. Partes dele foram transcritas abaixo.
Quando o entrevistador pergunta a Alfonse o que ele acha que é feito com os grãos de cacau, o lavrador responde prontamente: “Para ser sincero, não sei o que fazem com o cacau. Só estou tentando ganhar a vida cultivando esses grãos. Eu sei que eles fazem boa comida com o cacau, mas nunca a vi. Não sei se é verdade”.
Para a surpresa de Alfonse, o entrevistador levava uma barra de chocolate com ele. Ao ter a chance de comer o alimento pela primeira vez, o lavrador fez uma cara indescritível. “Não sabia que cacau era tão delicioso”, disse.
Animado, Alfonse achou que seus amigos tinham que experimentar chocolate também. Primeiro, todos eles sentiram o produto em suas mãos. “É duro”, um deles comentou. Quando cortam um pedaço e colocam na boca, mais uma vez, é incrível assistir suas reações. Todos ficam positivamente surpresos. “É doce!”.
Se você acha que não existe chocolate à venda na Costa do Marfim, saiba que não é bem assim. Existe, mas é muito caro. Custa quase metade do que Alfonse ganha por dia para sustentar uma família de 15 membros, mais quatro pessoas que trabalham com ele.
É por isso que, não só ele, mas seus trabalhadores mal tinham ideia do que era feito com as sementes que colhem todos os dias. Na plantação, Alfonse oferece chocolate aos rapazes e, já mais à vontade com o produto, explica que o alimento é feito com os grãos que eles cultivam, e que “os brancos o amam. São viciados nele”.
Logo, os trabalhadores incitam uma discussão sobre se o chocolate é mesmo feito com cacau. Alguns achavam que os grãos eram usados para fazer vinho. Eles fazem questão de perguntar de que forma o cacau é utilizado para fazer chocolate. Depois que o entrevistador explica, um deles solta: “Incrível”. Em seguida, ouvimos: “Quero saber se é por causa do chocolate que sua pele é mais clara”.
É impossível não se emocionar com esse vídeo, que acaba com um dos trabalhadores dizendo que ia guardar a embalagem do chocolate para mostrar aos seus filhos.
Enquanto nós sabemos que existem pessoas em condições muito diferentes das nossas em outras partes do mundo, quase nunca colocamos esse pensamento em perspectiva. O fato de ver tão claramente que uma coisa que podemos ter todo dia, se quisermos, é muito mais do que um item de luxo para esses trabalhadores – é o próprio resultado do que eles fazem, mas ao qual não têm nenhum acesso – é como um lembrete de que devemos, no mínimo, ser mais agradecidos pela vida que levamos. [Gizmodo]
tem 24 anos, é jornalista, apaixonada por esportes, livros de suspense, séries de todos os tipos e doces de todos os gostos.

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