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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, setembro 21, 2014

Renomado fotógrafo mineiro destaca o projeto Genesis e suas experiências internacionais
Fotógrafo Sebastião Salgado é o convidado desta edição do programa Espaço Público da TV BrasilFotógrafo Sebastião Salgado é o convidado desta edição do programa Espaço Público da TV BrasilSebastião Salgado fala das viagens pelo mundoSebastião Salgado fala das viagens pelo mundoO programa Espaço Público recebe nesta terça-feira (02/09), às 22h, o fotógrafo brasileiro e conhecido mundialmente, Sebastião Salgado
Radicado na França, Salgado já percorreu mais de 100 países registrando em milhares de fotos a condição humana e também a beleza e degradação do planeta.
Economista por formação, o mineiro Sebastião Salgado já trabalhou nas principais agências de fotos da Europa, como as agências Sygma, Gamma e Magnum Photos. Suas imagens, sempre em preto e branco, estão no caminho entre o jornalismo e a arte.
A preocupação com o meio ambiente, revelada nas obras do premiado fotógrafo abriu espaço para a criação do Instituto Terra, que tem como objetivo a preservação da floresta e o desenvolvimento sustentável. Junto com a esposa, Salgado já recuperou uma extensa área da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, com a plantação de um milhão e meio de árvores.
Na entrevista Sebastião Salgado fala das suas experiências pelo mundo e sobre o seu mais recente trabalho: a mostra Genesis, que também virou livro. O projeto levou oito anos para ser concluído com mais de 30 viagens pelo mundo, aos lugares mais remotos e intocados do planeta.
Entre outros trabalhos fotográficos que resultaram em publicações estão Trabalhadores (1996), Terra (1997), Serra Pelada (1999), Outras Américas (1999), Retrato de Crianças do Êxodo (2000), Êxodos (2000), O Fim do Pólio (2003), Um incerto Estado de Graça (2004) e O Berço da Desigualdade (2005).


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