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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, março 24, 2016

Não ao golpe! Somente o povo nas ruas pode impedir o retrocesso!
AVERDADE
upA extrema direita brasileira, com o apoio do Judiciário e da grande mídia privada, desencadeou uma grande ofensiva política e midiática com o intuito de retirar do governo a presidenta Dilma Rousseff. Dirigido pelo corrupto Eduardo Cunha, dono de contas secretas na Suíça e envolvido nos desvios da Petrobras, o atual processo de impeachment é uma ação coordenada da grande burguesia nacional e internacional para passar por cima da Constituição brasileira e atacar a limitada democracia existente em nosso país.
Cunha e a oposição de direita – PSDB, DEM, PPS e PMDB – não têm moral para falar de corrupção. A maioria de seus parlamentares está envolvida até o pescoço nos mais diversos escândalos. Um exemplo é o candidato derrotado a presidente, o senador Aécio Neves, que já foi citado seis vezes nas delações da Operação Lava Jato e ainda é suspeito de envolvimento com o caso do helicóptero apreendido com centenas de quilos de cocaína em Minas Gerais. Outro é o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, envolvido no caso do cartel que fraudava as licitações do Metrô de São Paulo e no roubo da merenda escolar.
Não podemos permitir que a bandeira contra a corrupção seja usada de forma seletiva e direcionada, sem escrúpulos e por um processo jurídico viciado e coordenado por agentes públicos e políticos que visam unicamente a favorecer partidos que, quando estiveram no poder, privatizaram o patrimônio público e arrocharam o salário dos trabalhadores.
Em outras palavras, todos os envolvidos no golpe em curso não estão interessados na melhoria de vida do povo. O que querem é um governo que ataque ainda mais os direitos dos trabalhadores e entregue a preço de banana o que restou do patrimônio público e das nossas reservas naturais aos monopólios nacionais e internacionais.
Para isso, não terão dúvida em implantar um Estado policial que criminalize ainda mais a luta popular e os movimentos sociais. Prova disso é a brutal repressão da PM em São Paulo e no Paraná, estados governados pelo PSDB, onde promoveram o massacre do Pinheirinho, agrediram estudantes secundaristas e reprimiram violentamente as greves dos professores.
Por outro lado, não podemos esquecer que o governo do PT, em vez de realizar a reforma agrária, reestatizar as estatais privatizadas, acabar com a privatização da saúde e da educação, rendeu-se à grande burguesia, ao capital financeiro e ao agronegócio. De fato, nestes 13 anos, quem mais lucrou no Brasil foram os donos dos bancos, o agronegócio e as grandes empreiteiras. Já o povo teve que se contentar com alguns programas sociais que agora são ameaçados pelo chamado ajuste fiscal. Além disso, o governo se recusou a realizar uma auditoria da dívida pública, continuou pagando bilhões aos donos dos títulos da dívida, não puniu nenhum torturador da ditadura militar e ainda sancionou a lei antiterrorismo, que agride os direitos humanos e criminaliza os movimentos sociais.
Porém, o impeachment não significará nenhum avanço democrático ou econômico para o nosso povo. Pelo contrário, será um retrocesso, um golpe contra os direitos do povo. De fato, um governo Temer será ainda mais conservador, entreguista e corrupto e jogará a crise nas costas dos trabalhadores com o objetivo de tornar os ricos cada vez mais ricos.
Nesse quadro, acreditamos que a única maneira de impedir o retrocesso será com o povo nas ruas lutando pela liberdade e contra o golpe, realizando mobilizações nos bairros populares e greves contra a retirada de direitos.
Sabemos que os mais afetados e reprimidos num governo de extrema-direita serão o povo pobre, as mulheres e a juventude, ou seja, o verdadeiro golpe que se aproxima não é principalmente contra Dilma ou Lula, mas contra os trabalhadores, que terão seus direitos roubados, e os movimentos sociais, que sofrerão as piores perseguições e violências por parte do Estado opressor.
Por isso, a Unidade Popular pelo Socialismo (UP) convoca todos os lutadores e lutadoras para organizar a resistência em cada bairro e favela, fábrica, escola e universidade. Somente o povo nas ruas pode impedir o retrocesso e defender a democracia.
Não ao ajuste fiscal e ao impeachment!
Suspensão imediata dos pagamentos dos juros da dívida! Auditoria já!
Pelo poder popular e pelo socialismo!

São Paulo, março de 2016
UNIDADE POPULAR PELO SOCIALISMO

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