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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, março 22, 2016

O Golpe E O Canudos Urbano VAI TER LUTA SIM

VAI TER LUTA SIM


Aliança pelo Brasil
O golpe contra a Constituição e a preparação de um Canudos urbano
J. Carlos de Assis
O governo Dilma revelou um alto grau de incompetência na condução da política econômica. O mesmo não vale para a área social. Contudo, como a área social está abaixo das necessidades das classes médias, e as classes médias são manipuladas pela mídia às voltas com a própria incompetência em gerar caixa em face de seus altos custos e perda de público, cresceu vigorosamente o movimento pró-impeachment. Este se baseia, porém, não numa irregularidade específica cometida pela Presidenta, mas em incompetência na área econômica.
Diante disso temos um problema:  há milhões de inconformados com Dilma, mas outros milhões que defendem o projeto Lula-Dilma, mesmo que não seja muito claro do que  se trata. Neste momento, a vociferação da imprensa dá uma impressão falsa de que será muito fácil tirar Dilma do governo através do processo de impeachment. Embora a decisão seja política, a Constituição nomeia exatamente quais os atos praticados pelo presidente da República que a torna suscetível de impeachment. Incompetência não está entre eles.
A política pode dar à deposição da Presidenta uma capa de legalidade. Deu no Paraguai. Entretanto, o que exatamente deputados e senadores, ministros do Supremo e juízes de primeira instância, golpistas da Polícia Federal e promotores espetaculosos da Lava Jato, empresários irresponsáveis e parlamentares que votarem pelo impeachment esperam que acontecerá a partir do outro lado, e da interação do outro lado com o lado visto como golpista? Sim, porque os que se considerarem violentados pela usurpação do poder da Presidenta estão se preparando para reagir. O slogan “não vai ter golpe” recebeu um acréscimo: “vai ter luta!”
Os irresponsáveis, como essa dupla asquerosa de Skaf, da Fiesp, e Paulinho, do lado podre da Força Sindical, usando ambos dinheiro público para derrubar o governo, talvez apostem que, havendo uma “pequena” convulsão social, a Polícia Militar resolva. Se não conseguir, as Forças Armadas entram e dão um xeque mate. Com isso tudo estaria resolvido. A absoluta escassez de cérebro desses pseudo líderes os impede de ver que, no mundo contemporâneo, se não evoluírem para uma guerra civil generalizada, as convulsões sociais “justificadas” degeneram em ataques a propriedades, ataques a pessoas e terrorismo de dificílimo enfrentamento.
A opinião pública brasileira ignora completamente o que se passa no primeiro andar da sociedade. A imprensa não se dá ao trabalho de informá-la porque isso contrariaria seus propósitos de manipulação. Com isso, grande parte das classes dominantes e das elites dirigentes nos preparam para um banho de sangue sem que elas próprias tenham consciência clara disso. No meu entender, se não encontrarmos uma saída imediata – e estamos lutando para isso -, o desfecho de tudo será uma ditadura militar de prazo indefinido, precedida de um Canudos urbano com um novo massacre de inocentes!
J. Carlos de Assis - Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ.  

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