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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 23, 2010

Conversa Afiada

Dilma vai ganhar.
Datafalha e PiG (*) não dão Golpe

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Na foto, o meu amigo com o Docinho

Lula não é Jango.

Serra não é Lacerda.

E o Eduardo Jorge não é o Golbery.

O dia de ontem, dez dias antes da eleição, expôs os três “argumentos” da elite branca (e separatista, no caso de São Paulo) para tentar evitar o inevitável: a vitória de Lula/Dilma.

O Datafalha, que não falha, operou na margem de erro para mostrar que as denúncias da Folha (**) vão levar a eleição para o segundo turno.

Isso, sem contar com o Ali Kamel, que, no dia 1º. de outubro, poderá repetir 2006: “o primeiro golpe já houve, falta o segundo”.

A manipulação do Datafalha e do Globope no jornal nacional é um instrumento central do Golpe.

Sempre foi.

O outro elemento desta estratégia suicída é a criminalização do PT, através de um vídeo odiento, divulgado na internet, e que os marqueteiros do Serra inevitavelmente vão jogar no horário eleitoral.

Eles não conseguirão conter a sordidez intrínseca à pretensão de Serra.

Este vídeo será exibido no horário eleitoral, em tabelinha com o jornal nacional do Ali Kamel – prevê este ordinário blogueiro.

Eles não têm mais bala na agulha.

A não ser a baixaria, como este ordinário blogueiro sempre imaginou: Serra numa campanha é garantia de baixaria – diz o Ciro.

Ou do mesmo autor: Serra é inescrupuloso; se preciso fôr, passa com um trator em cima da cabeça da mãe.

Clique aqui para ler “O PT e a Dilma vão à Justiça contra o vídeo sórdido”.

Lula conseguiu segurar os rotweillers do PT: a Dilma não conseguirá – diz o vídeo.

É uma velha acusação, que recupera 2002: Lula conseguirá segurar o PT ?

Dilma conseguirá segurar o José Dirceu ?

A Regina Duarte morria de medo.

Hoje é o Vereza.

A manipulação do PiG (*) e dos institutos de pesquisa; a criminalização do PT; e o renascimento da UDN

A UDN renasce em São Paulo – onde mais seria ? – , com o apoio de manifestações “de massa”, como as do “Cansei” – clique aqui para ler “”Cansei” defende Tradição, Família e Propriedade – terá o apoio do CCC ? ”.

A campanha de Serra reproduz a sordidez da campanha de Collor contra Lula.

Com algumas diferenças, é óbvio.

Uma delas é que o ódio do PiG (*), hoje, é mais intenso e se manifesta mais desinibidamente do que quando criminalizou Lula para eleger o Collor.

A famosa edição do jornal nacional, na véspera da eleição do segundo turno, com a edição do debate e o editorial do Alexandre Maluf Garcia, seria, hoje, uma BBC.

Só tem um problema.

Dilma ganhou a eleição.

E o PT é o único partido que vai sobreviver ao suicídio em massa produzido pelo Jim Jones, o jenio.

Clique aqui para ler o excelente – como sempre – artigo de Maria Inês Nassif, no Valor de hoje, pág. A8, “Quadro partidário paga o preço do passado – no pós-64, os partidos repetiram o quadro do pré-golpe.”

“ … o que sobrar da oposição (com a vitória da Dilma – PHA) terá uma força mínima no Congresso. A tentação do udenismo, nessa situação, aumenta muito. A instabilidade partidária, nesse caso, pode ser um fator de desestabilização da própria democracia.”

Dilma terá maioria no Senado.

O que fará a UDN ?

Vai para o Golpe, 365 dias por ano.

Agora, mais fraca, sem o cartão Visa do Arthur Virgilio Cardoso, a estreita relevância do Marco Maciel e a Ética apolínea do Heráclito Fortes.

E pode até ficar sem o Tasso “tenho jatinho porque posso” Jereissati, cuja eleição já não é tão segura.

A intervenção militar (***) de 64 se deu, em boa parte, para evitar que, na eleição de 1966, o PTB de Vargas, Jango e Brizola se tornasse a maior bancada da Câmara.

Agora, não adianta, o PT vai crescer, a base da Dilma vai aumentar e a UDN vai diminuir.

Outro argumento importante para explicar a vitória da Dilma, em oposição à derrota do Lula contra o Collor: essa eleição é “casada”.

O Oráculo de Delfos sempre disse que o Collor se elegeu porque era uma eleição “descasada”.

Era uma eleição só para Presidente da República.

Agora, não.

A eleição da Dilma está “casada” com a eleição do Eduardo Campos (coitado do Jarbas !), do Jacques Wagner, do Osmar Dias, com o Dilmasia, do Tarso Genro, do Netinho e da Marta, do Sergio Cabral etc etc.

Como diz o Brizola Neto – eleição se ganha no voto.

Como diz o Lula: o eleitor já sabe quando eles mentem.

Clique aqui para ler “Lula subiu um degrau no ataque ao PiG”.

O eleitor estudou mais, o filho foi para a faculdade, se tornou consumidor e cidadão, tem carteira assinada, compra carro, casa própria, viaja de avião, a auto-estima se reforçou.

“Formador” de opinião não forma mais nada.

Como diz a Inês Nassif: o PiG (*) fala para a UDN, a UDN fala para o PiG (*).

É uma cerimônia de celebração a Onan.

E tem a internet.

Esses blogueiros independentes que tanto irritam o Serra, a imparcial Dra Cureau e o “Cansei”.

Acabou o monopólio do PiG (*).

Falta extirpar o PiG (*) do centro da política brasileira.

O PiG (*) sabe que a Dilma vai fazer a Ley de Medios, porque ela não é suicida.

Ou ela faz uma Ley de Medios, ou cai, porque ela não é metalúrgica, como diz o Mino Carta.

E tem um pequeno problema: a UDN não tem voto.

A UDN controla a elite branca (e separatista, no caso de São Paulo).

Controla o PiG (*), o Datafalha e o Globope, mas não tem voto.

Um amigo meu tem um cachorro de nome “Docinho”.

De manhã, ele sai com o “Docinho” para passear na Praça Villaboim, no coração de Higienópolis.

“Docinho” é uma cruza bizarra de raças, um desajeitado e muito doce.

Um encanto.

Chama a atenção.

Muitas vezes, o passeio do “Docinho” coincide com a promenade matinal do Fernando Henrique Cardoso.

FHC vai à banca de jornal.

À padaria.

Às vezes passa na farmácia.

Solitário como pardal na chuva.

O “Docinho” recebe mais cumprimentos e carinho do que o Fernando Henrique.

A UDN só dá Golpe.

Dava.

A Dilma está eleita.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(***) Este ordinário blog evita a expressão “ditadura militar” que, no Brasil, foi conspurcada.


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