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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 23, 2010

Os últimos cartuchos da velha mídia golpista






Os últimos cartuchos da velha mídia golpista


Depois de oito anos de implacável perseguição ao atual governo, a todos os sintomas de progresso, da farta distribuição de preconceitos contra o povo brasileiro, a velha mídia tenta seus últimos disparos nos instantes finais de sua agonizante batalha. Ela sabe que o futuro chegou. A informação não tem mais mão única. Uma farsa construída pode agora ser rebatida rapidamente. Algo que era inimaginável para os candidatos a Cidadão Kane. Seus impérios estão em risco em todo o planeta. Aqui, a nossa provinciana e comprometida imprensa estrebucha com o pé na cova

Um exemplo de hoje. Leiam a reporcagem do Estadão para criar mais um factóide contra a candidatura de Dilma, implicando o ministro Franklin Martins com favorecimento ilícito para seu filho. Leram? Agora leiam a rápida resposta do Franklin. Jornalista experiente, desmonta a farsa ponto a ponto. E mais, dá a informação sobre a fonte da reporcagem, um tal de Angelo Varela de Albuquerque Neto, que já havia tentado chantagear funcionários da EBC por interesses comerciais. Esta informação foi omitida pelo jornal.

Vamos protestar contra a velha e comprometida mídia, que ainda imagina viver seu esplendor golpista dos anos 50 e 60:

São Paulo:
Ato nesta quinta-feira, 23 de setembro, às 19 horas, no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (rua Rego Freitas, 530, centro de São Paulo)

Rio de Janeiro:
Nesta quinta-feira, ato "Contra o golpismo midiático e em defesa da democracia", às 15 horas, em frente ao Clube Militar (Av. Rio Branco, Nº 251, Centro, RJ).

Manipulação da mídia e antidemocracia

Via Direto da Redação

Rodolpho Motta Lima

O assunto "liberdade de imprensa” é sempre delicado e, se não apresentado com o cuidado que merece, tende ao explosivo. Em um país que viveu quase duas décadas submetido a um processo de censura da mídia não cabe admitir , em nenhuma hipotese, o cerceamento da liberdade de informar. O problema é saber como fazer diante da manipulação dos fatos, que acaba virando desinformação, ou de um quase monopólio da comunicação midiática, que seleciona apenas o que convém aos seus interesses de grupo. Como lidar com esse comportamento escancarado, por exemplo, no meio de um processo eleitoral?
Essa reflexão nos vem a propósito do excelente artigo de Mário Augusto Jakobskind, publicado aqui no DR e, também, das recentes palavras do presidente Lula sobre a imprensa, que motivaram manifestações contrárias da OAB e da Associação Nacional dos Jornais. O posicionamento do Presidente, feliz ou infeliz na escolha das palavras, não foi bem digerido por essas duas associações. Mas vale refletir sobre ele.
Em primeiro lugar, penso na nossa justiça eleitoral, aparentemente tão ciosa na defesa da igualdade de oportunidades para os candidatos, tão cuidadosa quando se trata de usos que considera descabidos na propaganda, seja no tempo seja no espaço, mas omissa diante desse subliminar "metralhar" de denúncias , algumas requentadas, outras descabidas, mas todas objetivando nitidamente influenciar o voto dos cidadãos. E não se trata aqui de desqualificar o aspecto investigativo e de vigilância que a imprensa deve mesmo exercitar permanentemente. Trata-se de discutir se é aceitável que essa preocupada justiça eleitoral permita que o denuncismo vincule gratuitamente acusações não comprovadas a uma candidatura que, não por acaso, lidera as pesquisas.
Usa-se o discurso da imparcialidade e da democracia e selecionam-se notícias para praticar a política partidária sem assumir os ônus dessa posição. Achei engraçado, numa recente edição do jornal “O Globo”, a carta de uma leitora que se refere à falta de oposição no Brasil como um perigo para a democracia. Falta de oposição? Ela quer mais do que essa que já existe, numa orquestrada e indisfarçada escalada da grande mídia no Brasil inteiro? O que o inconsciente dela estava lamentando não era a falta de oposição, mas a falta de votos nos candidatos dessa oposição falida. O que ela não estava entendendo , penso eu, é como as análises dos jornalistas que ela lê diariamente não estavam se ajustando à realidade das pesquisas, ao comportamento dos eleitores.
Causa estranheza, aliás, dentro desse cenário, a postura de alguns profissionais que não se comportam como o ideário do jornalismo o exige, que se deixam usar como instrumentos de interesses outros, que parecem trocar imparcialidade e boa informação, inteligência e saber, pela comodidade de um cargo Sobre isso, vejo poucas observações a respeito por parte dos órgãos de classe.
Uma vez, escrevi sobre esse assunto para um jornalista de um conhecido períódico aqui do Rio – pessoa cujo nível de inteligência não discuto, mas cujo posicionamento , no âmbito da imprensa, vejo com grande desconfiança. Disse-lhe (em uma carta naturalmente sem resposta) que, na minha condição de professor, o que lamentava mesmo era o processo de formação dos diversos estagíários do jornal, com repetidos exemplos negativos que lhes estariam sendo passados diariamente, inclusive por esse profissional. Um processo que, certamente, não geraria bons jornalistas e, consequentemente, um bom jornalismo no futuro.
Uma pena isso, porque sei como saem dos bancos escolares, rumo ao sonho de uma profissão inegavelmente fascinante, os vestibulandos de comunicação e jornalismo. Percebo-lhes o brilho no olhar, o brilho de quem espera poder constribuir para a formação da cidadania e afirmação do ideal democrático que só a informação confiável e descompromissada é capaz de produzir. Um olhar de brilho que, infelizmente, a julgar pelo que percebemos, eles terão que trocar pela visão opaca da inverdade, da hipocrisia, da subserviência, se quiserem pertencer aos quadros da nossa mídia majoritária.
Voltando ao início, a conclusão inevitável disso tudo é de que a republicana liberdade de expressão e de informação – pilar da democracia - não se pode confundir com um espúrio direito à manipulação dos fatos, que deixa nas mãos de uns poucos um poder negativo que a sociedade não lhes conferiu.
Nada, portanto, mais antidemocrático.

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