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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, setembro 23, 2010

Lula: “a mídia são oito ou dez famílias”

A verdade dói, não é? Hoje, o portal Terra publica uma entrevista do presidente Lula aos repórteres Bob Fernandes, Antonio Prada e Gilberto Nascimento, onde diz o que todo mundo sabe mas, justamente por isso, não publica: a mídia brasileira pertence a uma oligarquia. O que ela defende, portanto, não é a liberdade, mas os seus privilégios. E diz que ela faria muito melhor se assumisse que tem um candidato nestas eleições.
Coloquei o vídeo no Youtube, para que possa circular amplamente, pois o Terra não ofeceu código para incorporação. Mas se trata de manifestação que não pode ficar sendo do conhecimento de poucos.
O original está aqui, no Terra, para quem puder ler toda a entrevista. Vale a pena. E é muito bom, no momento em que há uma espetáculo de dirigismo empresarial na imprensa, ver três jornalistas cumprindo seu papel de ouvir e transmitir a informação e as opiniões do presidente da República, sem truques, sem deformações, sem intrigas e meias-palavras.
Parabéns ao Terra, a Bob, Gilberto e Antonio, pelo serviço público que prestam à sociedade. E por nos fazer crer em como a liberdade de imprensa, a boa e velha liberdade, ainda é o melhor remédio para todas as formas de manipulação.


*Tijolaço

Folha mente até para si mesma, para abafar escândalo da filha de Serra


Um leitor do jornalista Luiz Nassif relatou como foi "atendido" pela ouvidoria do Jornal Folha de São Paulo. Ele perguntou:

“Prezada ombudsman [ouvidora],

O que justifica a Folha nada comentar a respeito da matéria da CartaCapital desta semana [edição que chegou às bancas em 10/09/2010], que mostra a violação do sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros pela firma Decidir.com, ocorrida em 2001, sendo a empresa de propriedade de Verônica Dantas e Verônica Serra?

...

Cordialmente

Ricardo Montero”


A resposta da ouvidora da Folha, Suzana Singer:

“Caro Ricardo,
agradeço sua manifestação. Abaixo transcrevo resposta de Alan Gripp, da editoria do caderno Poder.
Atenciosamente,

Suzana Singer

“Nós estamos apurando a história, mas não tivemos acesso ainda ao processo (em sigilo).”


O autor da matéria na Carta Capital, jornalista Leandro Fortes, disse que deu uma gargalhada, quando leu o post no Nassif:

"Então, a Folha não repercutiu a matéria da Carta porque está 'apurando a história'? Como assim? Essa história já foi apurada pela Folha em 2001!"


Em 2001, a Folha "apenas omitiu" quem eram os donos da decidir.com. Era uma empresa que tinha como sócios Verônica Serra (filha de José Serra) e Verônica Dantas (do grupo Opportunity, irmã de Daniel Dantas, presa anos depois na operação Satiagraha).

Em 2010, a Folha "mentiu até para si mesma", porque o "estamos apurando" deles, está nos próprios arquivos do jornal, o que pode ser comprovado nos links:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u14604.shtml
- http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u14705.shtml

Depois dessa parcialidade explícita, a ponto de esconder uma notícia COMPROVADA que envolve um escândalo de corrupção com a filha do candidato a presidência da República José Serra, que o jornal apoia; notícia essa que tem tudo a ver com o enxame de notícias sobre a quebra de sigilo na Receita, que o jornal considerou relevante... ainda tem a cara-de-pau de quererem censurar a liberdade de expressão daqueles que criticam o sub-jornalismo e panflatagem política do jornal em favor da campanha de José Serra e Geraldo Alckmin.
*amigosdopresidenteLula

http://cdn.tijolaco.com/wp-content/uploads/2010/09/rir.jpg

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