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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, setembro 22, 2010

Paulista que acredita no psdb não usa serviço público e é sadomasoquista

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Lotação da linha vermelha é quase o dobro da recomendada

Sanguessugado do Sakamoto

A linha 3-vermelha, que corta a Zona Leste, região mais populosa de São Paulo, parou entre as as estações Pedro II e Sé na manhã desta terça causando problemas na vida de milhares de passageiros. Se eventuais interrupções fossem o único inconveniente da linha vermelha, os seus usuários não estariam tão irritados. A parada, independentemente do motivo, é apenas a cereja do bolo de um serviço que está longe de ser satisfatório.

Se considerarmos a quantidade máxima de pessoas que cabem em um determinado espaço (usando como base a média do padrão internacional para horário de pico usada pelo próprio governo estadual), temos um número de 6 passageiros em pé por metro quadrado.

A cidade de São Paulo tem quatro linhas do metrô em operação (a 4-amarela está em fase de testes e, portanto, não está sendo considerada):

1-azul (Tucuruvi-Jabaquara)
2-verde (Vila Madalena-Tamanduateí)
3-vermelha (Corinthians/Itaquera-Palmeiras-Barra Funda)
5-lilás (Largo Treze – Capão Redondo)

Ganha um bilhete “múltiplo de 10″ quem relacionar corretamente as linhas acima com a lotação de passageiros em horário de pico abaixo (arredondando os números obtidos com um especialista no assunto que trabalha com o governo e não quis se identificar):

a) 5 passageiros em pé por metro quadrado
b) 6 passageiros em pé por metro quadrado
c) 9 passageiros em pé por metro quadrado
d) 11 passageiros em pé por metro quadrado

Como internet é coisa rápida, não vou fazer suspense:

1-azul: 9
2-verde: 6
3-vermelha: 11
5-lilás: 5

Ou seja, a linha vermelha, que pega a região mais pobre de São Paulo, é também a que tem a maior lotação. A aquisição de composições não têm acompanhado o ritmo da demanda e a sensação é de lata de sardinha. Ou pior, de atum moído.

Alguém pode dizer: peraí, mas a linha 5 tem uma taxa menor e liga uma região pobre com uma mais pobre ainda, passando pelo meu Campo Limpo, onde cresci. Sim, mas essa linha ainda não faz interligação direta com nenhuma outra do metrô, apenas com a do trem que acompanha a Marginal Pinheiros. Quando (e se) ela chegar até a linha 1-azul, conforme previsto, o fator “lata de atum” deve crescer exponencialmente.

Todos os candidatos prometem ampliar a rede de metrô. Não só em São Paulo, mas em todas as grandes capitais que cavam túneis para seus trens. Na prática, depois de eleitos, a promessa é levada em banho maria, tanto que temos apenas 60 estações em uma cidade de tamanho comparável a Nova Iorque.

Apoio irrestrito tem o automóvel. Com ele, que reina soberano nas ruas e nos sonhos de consumo, a construção de avenidas ao invés de linhas de trem e de túneis e estradas no lugar de ciclovias e ramais de tram segue a todo o vapor.

Amanhã é o Dia Mundial sem Carro. Com uma política de transporte público desse nível, que espreme 11 pessoas por metro quadrado, como pedir para todos deixarem o carro na garagem? Pior ainda para quem não tem dinheiro para comprar um carro, como é o caso de muitas pessoas na Zona Leste. Aí o jeito é ir para luta, enfrentando o risco de ser encoxada ou amassado.

O jeito seria deixar o candidato a cargo público que não cumpre o que promete na garagem. Mas aí seria pedir demais.


SERRA PROMETE CRIAR O BOLSA-IMPRENSA BRASILEIRA,OU SERIA,VAI AUMENTAR O BOLSA-IMPRENSA BRASILEIRA

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