1º dia da CPI-
1º dia
da CPI tem dilemas não resolvidos
A DELTA SERÁ INVESTIGADA NO BRASIL OU APENAS NO CENTRO-OESTE? FERNANDO CAVENDISH VAI SER CONVOCADO? QUANDO?; E O PROCURADOR-GERAL ROBERTO GURGEL?; QUANTO A CARLINHOS CACHOEIRA, PRIMEIRO DEPOIMENTO FOI MARCADO PARA O DIA 15; ÀS 19H52, SESSÃO FOI ENCERRADA ABRUPTAMENTE PELO PRESIDENTE VITAL DO RÊGO
247 – O primeiro dia de
trabalho da CPI Mista do Cachoeira teve três grandes protagonistas – cada um
deles por um motivo distinto. O campeão de citações, sem dúvida, foi o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Depois, o ex-presidente e atual
senador Fernando Collor teve seu momento de brilho. Por fim, um dos nomes mais
citados pelos parlamentares foi o da empreiteira Delta, do empresário Fernando
Cavendish.
Entre esses
destaques, o que se viu foi a participação generalizada dos 30 integrantes da
comissão. Já ficou nítido, desde esse primeiro momento, qual deve ser o jogo de
cada um. No conjunto, eles procuraram estabelecer um plano de trabalho e
projetaram a extensão dos debates e inquirições até o último trimestre deste
ano. Surgiu uma divergência entre atuar duas ou três vezes a cada semana.
Igualmente não havia consenso, até o início da noite, em relação à convocação
do personagem que dá o nome popular à CPI: o contraventor Carlinhos Cachoeira.
Alguns
integrantes da comissão, como o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), defenderam que
o início das investigações se dê pelo depoimento de Cachoeira. “Réu preso tem
prioridade”, disse o parlamentar, referindo-se a Cachoeira. Mas outros
políticos optaram por sustentar que Cachoeira terá de ser chamado a falar mais
de uma vez, mas não necessariamente no início dos trabalhos.
O debate em
torno do procurador-geral se deu pela sua convocação ou não pela comissão.
Houve quem sustentasse que Gurgel não pode ser obrigado a comparecer, mas
também foram feitas defesas do poder da CPI para chamá-lo obrigatoriamente.
VACAREZZA
CRITICA GURGEL - O deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) defendeu a
convocação de Gurgel. “O procurador ter sentado nestas investigações por 4 anos
não é correto. Ele deve explicação para a sociedade brasileira”, disse o
ex-líder do governo na Câmara, em referência a inquérito que poderia
comprometes o senador Demóstenes Torres, também protagonista das investigações
sobre o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Com esse posicionamento, Vacarezza
vocalizou a estratégia do PT de restringir as apurações às ligações entre
Cachoeira e Torres, em lugar de trabalhar por uma maior abertura de foco.
Mais:
Fernando Collor: “diretor de revista semanal coabitava com criminoso”
SENADOR ALAGOANO DIZ QUE CPI TEM QUE RESPEITAR SEGREDO DE JUSTIÇA, MAS FAZ PRIMEIRO DISPARO CONTRA A IMPRENSA; PAULO TEIXEIRA CITA O 247 E DIZ QUE INQUÉRITO JÁ VAZOU
247 – No primeiro dia da CPI do
Cachoeira, o senador Fernando Collor tem sido um dos parlamentares mais ativos.
Em suas falas e apartes, tem lutado para fazer com que a CPI cumpra a
determinação judicial e proteja o segredo de Justiça do inquérito enviado pelo
Supremo Tribunal Federal ao Congresso. “Do contrário, estaríamos conspirando
contra o Estado de Direito”, disse o senador.
Collor, no entanto, foi o primeiro a criticar, ainda que
veladamente, a imprensa. “Como jornalista, nunca vi um diretor de uma revista
semanal coabitar durante tanto tempo com um contraventor”, disse ele. Embora
não tenha citado nomes, o ex-presidente aparentemente se referiu a Policarpo
Júnior, da revista Veja.
Em seguida, o deputado Paulo Teixeira (PT/SP) falou sobre a impossibilidade
de preservar o sigilo. “O inquérito já está em dois endereços eletrônicos:
Brasil 247 e Lei dos Homens”, disse ele.
Presença de Protégenes em CPMI é questionada (PSDB)
"O DEPUTADO É DIRETA E PESSOALMENTE INTERESSADO NA INVESTIGAÇÃO QUE FAREMOS AQUI, SEJA PORQUE MANTÉM AMIZADE ÍNTIMA COM OS INVESTIGADOS, SEJA PORQUE ELE PODERÁ FIGURAR NO ROL DOS INVESTIGADOS", DISSE O SENADOR CÁSSIO CUNHA LIMA
Agência Brasil –
Na abertura dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) do Cachoeira, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) questionou a
presença do deputado Protógenes Queiróz (PCdoB-SP) entre os integrantes
da comissão. Antes de iniciar a votação dos requerimentos, Cunha Lima
alegou que Protógenes tem ligações com o grupo do empresário Carlos
Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.
"O deputado é direta e pessoalmente interessado na investigação que
faremos aqui, seja porque mantém amizade íntima com os investigados,
seja porque ele poderá figurar no rol dos investigados", disse o senador
ao levantar questão de ordem.
O pedido do senador para que Protógenes fosse impedido de participar da
CPMI não foi aceito pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo
(PMDB-PB). Não cabe à presidência do colegiado definir quem comporá a
comissão", destacou Vital do Rêgo, que lembrou que as indicações dos
participantes foram feitas pelos partidos, obedecendo o critério da
proporcionalidade.
Mais:
Gurgel, que deve explicações, recusa ir à CPI
PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA NÃO QUER FALAR; DEPOIS DE TER ENGAVETADO DURANTE TRÊS ANOS ABERTURA DE PROCESSO CONTRA O SENADOR DEMÓSTENES TORRES E DEIXADO PASSAR A CHANCE DE INVESTIGAR O GOVERNADOR MARCONI PERILLO, DE GOIÁS, ROBERTO GURGEL PERDE MAIS UMA CHANCE DE SER TRANSPARENTE
247 – O Procurador-geral da República, Roberto Gurgel, está perdendo
mais uma chance de dar transparência ao seu trabalho. Em conversa com o
presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo, ele recusou o
convite que lhe seria feito para depor na comissão. Gurgel segurou,
durante três anos, um pedido de abertura de processo contra o senador
Demóstenes Torres, ligado ao contraventor Carlinhos Cachoeira.
Recentemente, pediu a abertura de investigação sobre o governador do
Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), mas não exigiu o mesmo
procedimento em relação ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
Os grampos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, no entanto,
apontam muito mais para um possível envolvimento de Marconi no esquema
de Cachoeira, de quem é suspeito de ter recebido R$ 500 mil, do que de
Agnelo, contra quem não surgiram provas de participação ou conivência
com a organização criminosa.
Abaixo, notícia publicada a respeito pelo porta UOL:
Procurador-geral recusa convite para falar em CPI
MÁRCIO FALCÃO e GABRIELA GUERREIRO, de BRASÍLIA - Em conversa com o
comando da CPI do Cachoeira, o procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, recusou o convite para falar sobre o inquérito que investiga o
senador Demóstenes Torres (sem partido- GO) e as relações do empresário
de jogos ilegais Carlos Cachoeira, com políticos e agentes privados.
Mais:
Collor dá o tom na CPI
Ex-presidente reencontra na comissão parlamentar um palco para voltar brilhar; oratória apurada e incisiva já dita os rumos da comissão; ele foi o primeiro a pedir a convocação de Roberto Gurgel e a insinuar uma ligação espúria entre a imprensa e a quadrilha de Carlos Cachoeira
247 – Na primeira sessão da CPMI do Cachoeira, o
parlamentar que mais se destaca é o ex-presidente da República, Fernando
Collor de Mello. Ele acaba de insistir para que os parlamentares
convoquem o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. “Não há nada
na Constituição que impeça”, disse ele. “Ele precisa explicar por que
recebeu informações contra o senador Demóstenes Torres em 2009 e não
tomou nenhuma providência”. Collor contou com o apoio do deputado Carlos
Sampaio (PSDB/SP), que é procurador e também defende a convocação de
Gurgel.
Nesta manhã, o presidente da CPI, senador Vital do Rego (PMDB/PB), e o
relator, deputado Odair Cunha (PT/MG), convidaram o procurador Gurgel a
comparecer espontaneamente – o convite foi recusado e ele só irá se for
convocado.
Collor, ex-jornalista, foi também o primeiro a levantar a questão das
relações entre a quadrilha de Carlos Cachoeira e a imprensa. “Nunca vi
um diretor de uma revista semanal coabitando durante tanto tempo com um
criminoso”, disse o ex-presidente da República.
Acuada, Veja ataca a imprensa livre
NO PRIMEIRO DIA DA CPI, O REPÓRTER GUSTAVO RIBEIRO, O MESMO QUE TENTOU INVADIR UM QUARTO DE HOTEL EM BRASÍLIA, TENTA INVESTIGAR RELAÇÕES COMERCIAIS PRIVADAS ENTRE UM VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO, O 247, E SEUS ANUNCIANTES; TEMOR DA ABRIL, COMANDADA POR FÁBIO BARBOSA, DIZ RESPEITO À CONVOCAÇÃO DE CIVITA E POLICARPO
247 – Veículos
de comunicação, em todos os países livres, são mantidos por receita
publicitária, tanto pública, como privada. É o caso do Brasil 247,
primeiro jornal brasileiro desenvolvido para o iPad, e também da revista
Veja. No nosso caso, a participação privada na receita total é
substancialmente maior do que a oriunda de agentes públicos. Veja, além
da receita publicitária tradicional, pública e privada, conta ainda com
vendas de assinaturas para governos, em todas as esferas. A Abril, que
edita Veja, também comercializa livros didáticos.
Nesta tarde, dia da primeira sessão da CPI instalada para investigar as
atividades do bicheiro Carlos Cachoeira, o repórter Gustavo Ribeiro, o
mesmo que tentou invadir um quarto de hotel em Brasília, numa reportagem
produzida a partir de vídeos entregues pela quadrilha investigada pela
CPI, foi escalado para realizar mais um trabalho sujo. Subordinado ao
jornalista Policarpo Júnior, Ribeiro tentou constranger anunciantes
públicos e privados do 247 a fornecer informações protegidas por sigilo
comercial.
Veja está acuada. Teme que tanto o jornalista Policarpo Júnior como o
publisher Roberto Civita sejam convocados pela CPI. Trechos do inquérito
da Operação Monte Carlo, publicado pelo 247, revelam que diversas
matérias publicadas por Veja nos últimos anos foram dirigidas pelo
esquema Delta/Cachoeira (leia mais aqui).
Mais:
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