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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 11, 2012

Dr. Rosinha enfrenta o PiG.
A batata da Globo assa

A reportagem de Leandro Fortes na Carta Capital – clique para ler “Leandro e a Carta pegam a Veja – Temer e a Globo deixam ?” – informa:
A reportagem de Leandro Fortes na Carta Capital – clique para ler “Leandro e a Carta pegam a Veja – Temer e a Globo deixam ?” – informa:

“Na próxima terça-feira, dia 14, o deputado Dr. Rosinha, do PT do Paraná, irá ao plenário da CPI do Cachoeira fazer o que ninguém teve coragem de fazer até agora: enfrentar a mídia” (aqui chamada de PiG (*).

“Com base em um documento preparado a partir de todo o material enviado à Comissão pela Polícia Federal, o parlamentar vai apresentar um requerimento de convocação do jornalista Policarpo Jr., diretor da revista Veja em Brasília.”

“O parlamentar tem em mãos um quadro completo das ligações escusas do jornalista e da semanal da Editora Abril com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira. Um relicário de quase uma centena de interceptações telefônicas feitas pela Policia Federal nas operações Vegas, de 2009 (aquela que conferiu ao brindeiro Gurgel a acusação de “prevaricador” e “chantagista”- PHA) e Monte Carlo, realizada em 29 de fevereiro deste ano.”

“A conclusão é devastadora.”

A reportagem de Leandro reproduz um diálogo entre Poli – também conhecido na quadrilha como o “Caneta” – e Carlinhos, em que o “Caneta” pede:

“Como é que eu levanto umas ligações aí do Jovair Arantes, deputado (do PTB de Goiás) ?

Diz Cachoeira: “Vamos ver, uai.”
Navalha
Quem transformava o detrito sólido de maré baixa da Veja em Chanel # 5 ?, amigo navegante ?

Eram os filhos do Roberto Marinho – que não tem nome próprio – pelas mãos daquele que Collor chamaria de “rabiscador”, produtor de “cacarias”: o Ali Kamel.

Os telejornais da Globo eram o destino final da obra da “cambada”- para usar outra expressão de Collor.

Carlinhos e o Caneta tramavam, publicavam na Veja, e a Globo dava um “up”, com a deterioração da credibilidade de profissionais como o Bonner, a Fátima, o Chico, entre outros.

(O William Traaack, como diria dona Guilhermina, é irrecuperável.)

O desassombro do Dr. Rosinha, portanto, não é apenas chamar o Caneta para a forca.

Significa chamar também o Rupert Civita, o Fabio Barbosa, os filhos do Roberto Marinho (eles não tem nome próprio) e, ultima ratio, o Kamel.

Porque o diretor da Época (da Globo), em Brasília, êmulo do Caneta, já dançou, pelo mesmo motivo: ele era “assim” com o Carlinhos.

Agora, na terça-feira, a onça vai beber água.

Vamos ver se o PT vota a convocação do Caneta – e, portanto, de seu patrão, o Murdoch, dos filhos do Roberto Marinho e do Kamel, numa sequencia inevitável.

Vamos ver a valentia do PT contra a Globo.

Vamos ver se o PMDB vota.

Os liderados pelo Temer, que fez o “pacto do abafa” com os filhos do Roberto Marinho.

Vamos ver se o Miro Teixeira vota.

O interessante é que o Miro, o Eduardo Cunha, o Henrique Alves, o Alvaro Dias, aquele Gigante do Orçamento, o Sergio Guerra – todos eles poderiam e ainda podem ser vítimas de um Caneta da Veja: “levanta aí umas ligações do Miro”; “vamos revisitar a CPI dos Gigantes do Orçamento”…

Vamos ver, uai.

Como é que eles se comportarão na terça-feira ?

Qual a “liberdade de imprensa” que o Miro defende e defendeu – com brilho -, ao propor no Supremo o fim da Lei de Imprensa.

Qual liberdade, Miro ?

De grampear parlamentar ?

Foi pela liberdade do Caneta que você lutou, Miro ?

Do Kamel, o empacotador de detrito solido de maré baixa ?

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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