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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, agosto 14, 2012

Religiosidade cai 9% no mundo inteiro e ateísmo sobe 3%

 


Que tal uma notícia boa pra variar?
O Instituto Win-Gallup fez a Pesquisa RED-C em 57 países para medir a religiosidade no mundo. Já no parágrafo de abertura, o resultado: 59% das pessoas se dizem religiosas, 23% se dizem não-religiosas e 13% se dizem completamente ateístas! Treze por cento! Dá pra acreditar? No ranking global, houve queda de 9% na religiosidade e aumento de 3% no ateísmo.
Houve uma queda vertiginosa na Irlanda, onde teve aquele rolo todo com estupro generalizado de crianças por padres pedófilos. Queda de 69% em 2005 para 47% agora. A Irlanda só ficou atrás do Vietnã no quesito queda de religiosidade. Algo deve estar acontecendo por lá, mas ninguém sabe o quê.
A religião é maior entre as pessoas mais pobres (66% entre elas), com diferença de 17% a mais na religiosidade comparado com as pessoas mais ricas (49% entre estas).
Os 11 países mais ateus da pesquisa são: China (47%), Japão (31%), República Tcheca (30%), França (29%), Coréia do Sul (15%), Alemanha (15%), Países Baixos (14%), Áustria (10%), Islândia (10%), Austrália (10%) e Irlanda (10%). A pedofilia descancarada dos padres católicos conseguiu colocar a Irlanda entre os 11 países mais ateus do mundo, quem diria!
O problema são os países mais religiosos. Olha quem tá na lista: Gana (96%), Nigéria (93%), Armênia (92%), Fiji (92%), Macedônia (90%), Romênia (89%), Iraque (88%), Quênia (88%), Peru (86%) e Brasil (85%). O Brasil aparece na lista com 85% de religiosos, 13% de não religiosos, 1% de ateus e 1% de indecisos/votos em branco.
Eu não falei pra pararem de dizer que são da Igreja do Monstro Espaguete Voador? Olha aí no que deu! O ateísmo quase dobrou nos países da Europa e nós caímos pra 1% de novo. Com que cara vamos reclamar da Revista Veja agora quando ela falar que 99% do povo é retrógrado crente?
O jornal O Globo foca muito na questão da Holanda, tentando meio que desviar do assunto da queda de religiosidade do mundo. Eu recomendo ver o PDF do press release da pesquisa, que tá em inglês mas tá bem fácil de ler.
Foram entrevistadas 51.927 pessoas de 57 países.
*DiarioAteista

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