Cláudio Lembo e o avanço da criminalidade
Cláudio Lembo
O
desespero tomou conta da sociedade. A criminalidade deita e rola. Uma
desgraça. Já se sofreu muito nos últimos anos. Ninguém esquece 2006,
quando todos foram tomados de surpresa pela violência.
Foi
uma dura lição. Parece que nada se aprendeu. O crime continua sua
escalada ascendente. De todas as partes chegam relatos aterrorizantes.
Informações alarmantes.
Em
resposta, apenas paliativos. Um irônico já disse que a sociedade
contemporânea divide-se em novas classes sociais. Já não se fala em
proletariado, classe média e burguesia.
Agora,
tem-se: já assaltados, futuros assaltados e, como classe dominante,
assaltantes. Amargo sarcasmo, pois em jogo estão vidas e a própria
liberdade individual.
Todos
se tornaram reféns do temor. Em cada esquina, a preocupação com o outro
ângulo. Não se sabe quem está à espreita. Um meliante ou apenas alguma
vítima em potencial.
As
autoridades precisam se debruçar sobre o tema segurança cidadã. É
patética a leitura dos informes de consulados sobre os pontos perigosos
das cidades.
Os
direitos fundamentais da cidadania estão merecendo violação às vistas
do Estado. Este tem a obrigação de preservar a vida e a integridade
física de cada cidadão. Preservar a liberdade de não ter medo.
No
entanto, sentem-se por parte das autoridades apatia. Uma indiferença
com a realidade que atinge níveis absurdos. As três esferas
governamentais – União, estados e municípios – precisam examinar, em
conjunto, a situação.
A
criminalidade avançou por todo o território nacional. Já não se trata
dos antigos atos de violência tão comuns no passado. O crime passional
ou o roubo de gado são apontados para mero registro.
Agora,
o tráfico de drogas avança. Toma todas as áreas das cidades e a beira
das estradas. Não há espaços preservados. Tudo foi ocupado pelos
traficantes.
A
dissolução dos costumes é consequência direta desta situação.
Romperam-se antigos valores. Nada substituiu princípios caros de nossa
sociedade.
Já
não se respeitam mãe, professores e autoridades. Todos passaram a ser
"Mané". Deu-se uma socialização das práticas dos cafajestes.
Importa
beber mais que o companheiro. Fumar mais que o interlocutor.
Promiscuir-se mais que uma messalina. Usufruir o momento que passa sem
preocupação com o futuro.
Neste
cenário – ampliado pelos meios eletrônicos de comunicação – não há
esperanças. A criminalidade crescerá absurdamente. Ainda porque as
autoridades a tudo assistem sem qualquer gesto.
Caminha-se
para um mundo sem rumo. Os direitos humanos, tão proclamados, após
1988, vão se diluindo em um oceano de insensatos. Os velhos temem dizer a
verdade.
Os
jovens – muitas vezes – nem sequer procuram a verdade como em tempos
passados. As antigas dicotomias, entre direita e esquerda, conservadores
e liberais, esgotaram-se.
A
anomia tornou-se a única realidade. Neste caos não se formam
estadistas, apenas ocupantes temporários do Poder sem vontade de apontar
as circunstâncias dramáticas do dia-a-dia.
Enquanto
um D. Sebastião – o rei morto – não volta para nos salvar, só nos resta
aguardar o próximo assalto. A vítima pode ser deliberadamente
escolhida.
Ou
então ser vítima da roleta russa que se instalou nas cidades de todo o
País. A qualquer momento, pode-se tombar vítima do criminoso de
colarinho branco ou do meliante pé de chinelo. Tanto faz.
*Nassif
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