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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, janeiro 10, 2013

"2 Encontro Nacional de Ateus" acontecerá em fevereiro, em 27 cidades ao mesmo tempo. Em São Paulo o evento será na liberdade

por Paulo Jonas de Lima Piva

Se homeopatas organizam encontros, se ufólogos, psicanalistas, teólogos, céticos, anarquistas, protetores de tartarugas, bruxas, kantianos, vegetarianos, acupunturistas, cristãos, trotskistas e espíritas se reúnem para debater publicamente suas interpretações da realidade, por que com os ateus seria diferente? Por que eles seriam destituídos desse direito garantido pelo nosso Estado democrático de direito? Não há nada mais lógico, mais prazeroso e edificante do que pessoas que pensam mais ou menos da mesma maneira se aproximarem e, com isso, por meio da interação e do diálogo, aprimorarem teoricamente suas perspectivas em comum sobre o mundo e a vida. Nada há nada de sectário ou nefasto nisso, como sugerem alguns carolas explícitos ou enrustidos e outros que, curiosamente, se incomodam com o assunto.

É nesse sentido que os ateus brasileiros militantes organizaram o "2 Encontro Nacional de Ateus", o qual será realizado no próximo dia 17 de fevereiro, das 13 às 19 horas, em 27 cidades do país ao mesmo tempo. Na cidade de São Paulo, mais exatamente, o evento será na  Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, rua São Joaquim, 381, no auditório Bunkyo, no bairro da Liberdade. A entrada será gratuita e o evento aberto a todos.

Estarão presentes os seguintes palestrantes:


-  Lisiane Pohlmann, presidente da Sociedade Racionalista.

- Daniel Sottomaior, membro do Comitê de Diversidade Religiosa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e fundador e presidente da ATEA.

- Fábio Marton, jornalista e escritor.

- Paulo Miranda Nascimento (Pirulla)

- Paulo Jonas de Lima Piva, filósofo e autor de dois livros sobre o ateísmo.

Kátia Gomes da Costa, do blog Feminismo.

- Dr. Jefferson Aparecido Dias, Procurador da República do Ministério Público Federal.

- Dennys Twubiro, comediante de stand-up.

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