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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, janeiro 09, 2013

Chávez, Mercosul e o imoral O Globo

 
O editorial do jornal O Globo desta terça-feira (8) é uma total imoralidade. De forma canhestra, o panfleto da famiglia Marinho afirma que "A Venezuela desmoraliza o Mercosul" e propõe que o país vizinho seja expulso do bloco regional. O argumento usado é que o "regime autoritário" de Hugo Chávez desrespeita a Constituição, ao não efetuar a posse do presidente reeleito nesta quinta-feira (10). É o mesmo pretexto utilizado pelos golpistas venezuelanos - incluindo a reacionária cúpula da Igreja Católica e o grosso da mídia local.
"É da própria natureza desses regimes a tentação de não obedecer as regras de troca de comando, na vã suposição da 'imortalidade' de seu líder. O máximo que conseguem é adiar o desfecho, ganhando tempo para negociar internamente a sucessão, ou para que a luta intestina aponte um vencedor. Enquanto isto, o líder agonizante é mantido vivo à custa de aparelhos, ou a notícia de sua morte é adiada", rosna O Globo, que não esconde a sua torcida macabra pela morte do líder bolivariano.
Bem ao estilo dos conspirativos memorandos da CIA, o jornal da famiglia Marinho afirma que "a tentativa de adiar a posse, via artifícios ilegais, cheira a golpe. Que teria sido gestado numa reunião entre os altos dirigentes do chavismo e Raúl Castro, em Havana". O jornal ainda aproveita para alfinetar a política externa do governo brasileiro, que "despachou Marco Aurélio Garcia para acompanhar o que se passava em Havana. Ele foi como assessor especial da presidente Dilma e retornou como porta-voz do chavismo".
No final, o editorial ainda tem a caradura de recordar o golpe no Paraguai, em 2012. "Quando o Congresso paraguaio aprovou o impeachment de Fernando Lugo, Brasil e Argentina, rápidos no gatilho, denunciaram um 'golpe de estado' e suspenderam o país no Mercosul, com base na cláusula democrática, existente também na Unasul... Mas agora nada farão contra a Venezuela, é claro. Afinal, aquele episódio demonstrou que a cláusula democrática não valia para todos. Desmoralizam-se as duas alianças".
O Globo nunca tolerou o Mercosul - muito menos a Unasul. A famiglia Marinho sempre foi um capacho dos EUA, sempre defendeu suas políticas imperialistas na região. A própria TV Globo só construiu seu império com base num acordo ilegal com uma corporação ianque e com o apoio descarado da ditadura militar. Ela não tem moral para citar Constituições, já que sempre pregou golpes e o desrespeito ao Estado de Direito. Ela não tem moral para falar sobre o regime bolivariano, já que apoiou o golpe de abril de 2002 e sempre demonizou o presidente Hugo Chávez. Em síntese: a famiglia Marinho não tem qualquer moral!
*comtextolivre

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