Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
domingo, fevereiro 17, 2013
Maconha deveria ser grátis, diz presidente do Supremo do Uruguai
Para
Jorge Ruibal Pino, medida poderia alavancar o registro de dependentes;
Uruguai debate o polêmico projeto de legalização da droga
Governo uruguaio tem em andamento um plano para legalizar a compra e venda de maconha para combater o narcotráficoFoto: AFP
O Uruguai deveria oferecer "maconha
grátis" no âmbito do projeto de lei que visa a regulamentar a produção e
a venda de canabis, desde que se implemente um registro de usuários,
afirmou o presidente da Suprema Corte de Justiça (SCJ), Jorge Ruibal
Pino, esta quarta-feira, em declarações à mídia local.
"Na minha opinião teriam que dar a
maconha de graça", afirmou o representante da máxima instância judicial
do país à rádio local Universal de Montevidéu. Para Ruibal Pino, "a
ideia de legalizar a maconha", impulsionada pelo presidente uruguaio,
José Mujica, "não é ruim, mas devem ser feitos esclarecimentos" como um
registro de consumidores, pois é "essencial que o dependente se
registre".
Mais tarde, em declarações ao portal de
notícias Subrayado, Ruibal esclareceu que sua ideia é uma "especulação
pessoal", mas se perguntou se oferecer maconha gratuita "não será o
pontapé inicial para que os dependentes venham se registrar".
O polêmico projeto - defendido por
Mujica em junho de 2012, que pretende fazer o Estado assumir o controle,
a produção e a venda da droga - está sendo discutido em uma comissão
parlamentar e a esquerda governista espera que seja aprovado no decorrer
deste ano. Atualmente, o consumo de maconha não é criminalizado no
Uruguai e cabe aos juízes determinar quanto uma pessoa pode portar para
consumo próprio para não ser punida criminalmente.
Segundo dados recentes da Junta Nacional
de Drogas, o Uruguai tem 20.000 consumidores diários de maconha, 75.000
mensais e cerca de 120.000 anuais.
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